O que era para ser um lar de transformação social se transformou em um imóvel praticamente ‘aterrado’ pelo tráfico de drogas. Este é o atual cenário do Conjunto Habitacional do Pilar, localizado na Avenida Jequitaia, no bairro do Comércio, em Salvador. Criado em 2012, com 107 unidades, o ‘Carandiru’ baiano tem sido palco constante de ações criminosas.
Em maio deste ano, parte da quadrilha que domina o crime nas dependências do prédio foi presa. Agora, em cerca de 24 horas, uma liderança foi detida e outro homem atingido por tiros, supostamente dados por integrantes do bonde, conforme informações apuradas pelo Portal MASSA!.
A expansão de atividades ilegais no ‘Carandiru’ envolve fatores culturais e históricos. A reportagem conversou com fontes policiais para entender o contexto da amplitude das operações na região.
“A marginalidade se instalou no local devido a proximidade deles de outras regiões que eles ficavam traficando, como Taboão, Liberdade, São Joaquim, Gamboa. Foi assim que o tráfico de drogas aumentou no local, abrigando cada vez mais indivíduos de má índole”, mencionou o tenente David, da 49ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).
Aproximadamente 200 pessoas moram no prédio, com mais de 80 crianças. O conjunto, recentemente, entrou no radar da 3ª fase da Operação Proteger, deflagrada de forma conjunta entre as polícias Civil e Militar, no dia 25 de maio deste ano.
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Complexidade das operações
Alvo constante de operações, o ‘Carandiru’ baiano é considerado um imóvel de acesso delicado. Tal fator torna difícil a prisão de indivíduos e apreensão, por exemplo, de drogas e armas de fogo de uma só vez.
“O que torna complicado a exclusão de todos os criminosos em uma só operação desse conjunto habitacional é a proteção dos familiares deles no condomínio, além, é claro, da rejeição ao acesso da polícia. É um local de fácil chegada e saída de drogas, já que não é monitorado sempre, o que facilita o aproveitamento deles [criminosos]”, acrescentou.
Saldo positivo
O Portal MASSA! apurou que um grupo de 11 pessoas já foi preso e autuado em operações recentes no estabelecimento residencial. Na ação mais recente delas, Davi dos Santos, por exemplo, acumulava passagens por tráfico e foi preso.
“O Carandiru é um local extremamente complexo, porque apresenta resistência por parte de famílias que, muitas vezes, colocam as crianças na linha de frente para evitar o nosso trabalho lá dentro. Eles [moradores] costumam ameaçar até mesmo quando passamos do lado de fora, nas viaturas, sem medo nenhum”, relatou outro agente, que preferiu ter a identidade preservada.