Sílvio Humberto (PSB) esteve, na manhã desta sexta-feira (18), no ato de protesto contra o genocídio do povo negro, na Praça da Piedade, no Centro de Salvador. O vereador foi questionado sobre segurança pública e bateu na política de guerra às drogas, que, segundo ele, tem matado "sobretudo a juventude negra".
"Primeiro, essa manifestação aqui é mais do que a gente está dizendo. A política de enfrentamento às drogas, de guerra às drogas, não resolve porque as drogas não morrem, quem tem morrido são as pessoas, sobretudo a juventude negra. [...] A gente precisa apresentar alternativas, que é a proteção da nossa juventude, a geração de trabalho e redes, acesso aos bens culturais, trazer as inovações das organizações sociais, porque são essas que tem trabalhado nessa situação para proteger a juventude e cobrar. Você também tem que enfrentar as causas sociais que é racismo e pobreza e também eu entendo que você precisa investigar, você não pode dizer que você teve uma operação bem sucedida como tem mortos, então você precisa mais inteligência, essa formação dos profissionais porque assim, você precisa apresentar um modelo de segurança pública que não pode ser esse tão somente focado na guerra às drogas. É fenômeno complexo", cobrou.
O edil repudiou a execução de Mãe Bernadete e disse que a investigação precisa de uma "apuração rigorosa". O vereador destacou a importância de ter "empatia" e não "naturalizar" esse tipo de crime, que ele afirma ter sido provocado por "disputa fundiária".
"Cobrar a investigação com apuração rigorosa, porque o que aconteceu com a Mãe Bernadete não é apenas intolerância religiosa não. Ali foi a disputa fundiária, que vitimou o filho dela antes e agora tá lá, então assim, quando a gente fala que o racismo estrutura as relações de poder, estrutura as relações sociais, ele vai de A a Z. Perdeu-se uma liderança importante, uma referência, mas assim, a gente vai seguindo, porque essa manifestação aqui não para, a gente vai buscar fazer audiências públicas na câmara, que é onde cabe, mas a gente precisa também dizer, é um problema da população, todos da população precisam se envolver", iniciou.
"Porque assim, não é um problema exclusivo da população negra, embora seja a maioria, mas você precisa de um envolvimento geral. Não sei se você criando um pacto, mas um pacto em favor da vida, não um pacto pela vida, esse pacto em favor da vida envolve o ponto de vista econômico; cultural; religioso; espiritual, algo complexo que precisa de uma ação complexa. Acima de tudo, é preciso que as pessoas tenham empatia, porque às vezes se você naturaliza essas mortes, aí você vai dizer, isso não tem nada a ver comigo. E é aquilo que a gente está chamando as pessoas, você precisa ter empatia, porque a gente precisa dar um basta. Entrei no movimento negro lutando contra a violência, mas 40 anos depois você tem a mesma coisa. Então assim, a gente está sendo atacado não só pelos nossos erros, e sim pelos nossos acertos", completou.
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