Movimentos sociais fizeram uma manifestação na Praça da Piedade, em Salvador, na manhã desta sexta-feira (18), em protesto pelo genocídio do povo negro. O ato é realizado um dia depois do assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico.
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"A nossa irmã Bernadete denunciou para pessoa errada o que estava sofrendo. Ela falou com a ministra [do STF] Rosa Weber, mas não era a pessoa certa. A gente precisa mudar a configuração da Justiça brasileira. Se os negros quiserem a justiça, eles precisam mudar isso. Não podemos dar nome aos juízes, desembargadores e ministros do Supremo que não têm compromisso com a gente e com as nossas injustiças. A Irmã Bernadete denunciou para aqueles que são os nossos opressores. O sistema branco que domina o Brasil", desabafou Eudes Oliveira, integrante do Coletivo Ubuntu.
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O ato teve a presença de mães e pais de jovens mortos em ações policiais e a participação de entidades do movimento negro, entre elas a União de Negros pela Igualdade (Unegro) e o Movimento Negro Unificado (MNU).
"Até quando vão matar o nosso povo? Meu filho foi assassinado com um tiro na cabeça. Eles são malucos, eles mesmo estão se matando dentro da corporação. Precisam de um psicólogo para que eles tenham condições de atuar. Eles precisam parar de nos matar porque não aguentamos mais", disse emocionada a mãe de um jovem que foi vítima da violência em Salvador.
O coordenador-geral da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Gilberto Leal, reforçou a importância das vidas negras. "O nosso papel de homens e mulheres negras de todas as cidades é radicalizar na luta. Precisamos radicalizar para que entendam não apenas a indignação, mas a nossa repressão. Revolta contra um sistema racista que nos atinge. Não adianta justificar que a briga é de grupos organizados. Precisamos, em nome da população negra dar resposta a essa violência que se abate sob o medo", analisou Leal.