Vivendo uma rotina de tristeza e preocupação após o desaparecimento do sobrinho, Fernanda Cruz, tia de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento, de 23 anos, um dos jovens funcionários do caso do ferro-velho de Pirajá, detalhou práticas criminosas cometidas por Marcelo Batista, dono do estabelecimento e apontado como principal suspeito pelo sumiço deles.
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Segundo Fernanda, relatos de pessoas ligadas ao ferro-velho dão conta sobre homicídios e atos pesados de tortura cometidos por Marcelo, além de cárcere privado e outros desaparecimentos. Ela ainda afirmou que a Polícia Civil (PC) foi informada sobre estas denúncias.
"Olha, eu não estou afirmando, mas, segundo informações de funcionários e vizinhos do próprio ferro-velho, ele e esses dois não são os primeiros casos. Ele já fez várias vítimas, várias vítimas de sumiço, de morte. Em um caso mesmo, amputou uma das mãos, agrediu, manteve preso por dois, três dias, sem comida, sem água, amarrado. Então, são relatos que já vêm sendo trazidos, e a polícia tá ciente de tudo isso", denunciou a tia de Paulo ao Grupo A TARDE.
Em conversa com a reportagem, a delegada-geral da PC, Heloísa Brito, informou que investigações indicam que Marcelo era "uma pessoa com personalidade um pouco mais agressiva". Segundo ela, o empresário não chegou a realmente atuar como policial militar, mas usava uma suposta proximidade com agentes para ameaçar funcionários.
"Ele tinha também um sistema de câmeras, ele fazia várias ameaças, dizendo que quem roubasse, que não ia ficar assim, que ele ia tomar providência, porque ele era amigo da polícia, e isso gerava o temor nas pessoas", detalhou a delegada.
Ainda de acordo com Brito, a Polícia Civil não recebeu informações sobre uma saída de Marcelo Batista do país, ele que está foragido após ter mandado de prisão expedido pelos desaparecimentos. Ela garante que o DHPP está trabalhando forte para resolver o caso. "Eu não posso colocar prazo, mas com certeza é um dos casos em que as equipes técnicas agem de modo prioritário", completou.