O caso de desaparecimento de dois jovens funcionários do ferro-velho localizado em Pirajá, em Salvador, continua sem respostas. Marcelo Batista da Silva, proprietário do estabelecimento, é apontado como o principal suspeito do sumiço de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matuzalém Silva Muniz. Nesta quinta-feira (21), completam-se 18 dias desde o desaparecimento dos jovens, e os familiares ainda aguardam por uma solução.
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Fernanda Cruz, tia de Paulo Daniel, tem se mostrado profundamente preocupada e revoltada com a falta de progresso nas investigações. Em entrevista ao Grupo A TARDE, ela cobrou uma resposta urgente das autoridades sobre o caso.
"Nada de novo. A fala é a mesma da delegada geral, não temos resposta, e o que a gente espera é que o secretário de segurança pública venha desempenhar mais. Eu sei que ele já está fazendo o trabalho dele, mas com toda a autonomia que ele tem na Secretaria de Segurança Pública, ele pode sim buscar esse tal de Marcelo através das redes sociais dele. Não tô ensinando ninguém a trabalhar, claro, mas eu tô trazendo umas hipóteses que podem estar acontecendo em busca de uma resposta. Ele tá usando as redes sociais dele, ele está acompanhando tudo isso, ele está acompanhando essas falas, ele está acompanhando a fala do secretário, da delegada. Então assim, ele usa banco, ele usa a rede social, ele tá usando o telefone dele", disse.
Veja a entrevista:
Fernanda também afirmou que as autoridades precisam agir com mais determinação para localizar o suspeito e elucidar o caso. "Tem como a gente buscar esse marginal. Tem sim, ele tá perto. Ele pode não estar aqui dentro da Bahia, mas se torna perto, porque tem como mobilizar todas as polícias interestadual, intermunicipal, a Polícia Federal que for, tem como, basta um secretário ver com carinho. Eu sei que existem várias situações aqui dentro da Bahia, vários casos, todo dia vem acontecendo casos novos, e eu e vocês vêm buscando investigar, vêm buscando trabalhar, desvendar essas buscas. Mas o caso de Paulo Daniel tem 18 dias. 18 dias se completam hoje e, até o momento, nós não temos uma resposta de ninguém, de órgão nenhum. Agora mesmo a gente veio para a Secretaria de Segurança Pública, nós fomos recebidos pela delegada geral, maravilhosa, mas ela não teve resposta dentro desse caso. Secretário, veja com carinho aí", completou.
Além disso, a parente de Paulo Daniel expressou sua angústia em relação à espera por uma resposta concreta e ao sofrimento da família. "Uma família sofrendo é uma família em busca só de uma resposta. Acreditamos que Paulo Daniel pode estar ou pode não estar vivo, mas a gente precisa dar um enterro digno, se, caso, vier, estiver morto. A gente precisa saber como é que está. Estamos já no final do ano, o Natal vai chegar, e vai ser um membro fora da família. Vai ser uma família destruída, destruída por causa de um marginal que você sabe que é um marginal", desabafou.
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Segundo Fernanda, a última vez que o suspeito entrou em contato foi logo após o ocorrido, se vitimizando e tentando desviar a atenção das investigações. No entanto, ele não fez mais contato desde então.
"Então, ele realmente entrou em contato com a esposa de Paulo Daniel, mas já tem duas semanas, foi logo na semana do ocorrido. Ele entrou em contato se vitimizando, e tentando nos convencer de que ele não tinha nada a ver. Mas depois desse momento, ele não entrou mais em contato", acrescentou.
Por fim, a tia do rapaz trouxe à tona informações de funcionários e vizinhos do próprio ferro-velho, que relatam outros casos envolvendo o suspeito, revelando um histórico de crimes e violência. "Olha, segundo as informações (eu não tô afirmando, né), segundo as informações de funcionários e vizinhos, do próprio ferro-velho, relatam que ele e esses dois não são os primeiros casos. Ele já fez várias vítimas, várias vítimas de sumiço, de morte, em um caso mesmo, amputou uma das mãos, agrediu, manteve preso por dois, três dias, sem comida, sem água, amarrado. Então, são relatos que já vêm sendo trazidos, e a polícia tá ciente de tudo isso", concluiu.
A polícia segue investigando o caso, mas até o momento não houve uma solução. A família dos jovens desaparecidos continua na busca por respostas.