Nos últimos 10 anos, pelo menos 11 quilombolas foram mortas na Bahia, segundo levantamento feito pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). A 11ª vítima da violência contra quilombolas foi Mãe Bernadete, Yalorixá e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho, assassinada a tiros nesta quinta-feira (17).
Criminosos teriam invadido o terreiro da comunidade, feito familiares reféns e executado Mãe Bernadete a tiros. Ela é mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, assassinado há quase seis anos, no dia 19 de setembro de 2017.
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O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), determinou que as polícias Militar e Civil sejam firmes na investigação. Assim como a ialorixá do Quilombo Pitanga dos Palmares, que fica em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), a maior parte das vítimas foi morta a tiros.
Fabio Gabriel Pacifico dos Santos
Conhecido como “Binho do Quilombo”, Fábio era filho de Mãe Bernadete e foi assassinado a tiros em 2017, quando estava dentro do próprio carro, na frente da escola do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho.
Desde quando aconteceu o crime, Mãe Bernadete cobrava que os responsáveis pela morte do filho fossem presos. A Yalorixá foi morta da mesma forma, dentro do quilombo.
Lindomar Fernandes Martins
Lindomar Fernandes, de 37 anos, assim como os outros quilombolas, foi assassinado a tiros, em uma estrada. a caminho do quilombo Iuna. Ele vivia em Lençóis, na região da Chapada Diamantina, e foi encontrado com marcas de tiros na cabeça.
José Raimundo da Mota de Souza Júnior
José Raimundo trabalhava como irmão e o sobrinho, quando foi assassinado com mais de 10 tiros. Os familiares dele conseguiram escapar. José Raimundo era presidente da Associação de Trabalhadores Rurais da comunidade quilombola Jiboia, em Antônio Gonçalves, no norte da Bahia.
Jozé Izídio Dias
José Izídio tinha 89 anos e era conhecido como Seu Vermelho. O senhor foi encontrado morto dentro de casa, no Quilombo Rio dos Macacos, em Simões Filho, na Região Metropolitana, depois que vizinhos viram a casa da vítima aberta e desconfiaram. O idoso estava em cima da cama, com sinais de violência por golpes de machado.
Chacina
Após um mês do assassinato de Lindomar, seis pessoas foram mortas. O crime ficou conhecido como “Chacina do Quilombo”. As vítimas tinham entre 22 e 51 anos e eram trabalhadores rurais. Pelo menos três pessoas foram presas no mesmo ano, sob suspeita de envolvimento na chacina.
Foram eles Adeilton Brito de Souza; Gildasio Bispo das Neves; Amauri Pereira Silva; Valdir Pereira Silva; Marcos Pereira Silva; Cosme Rosário da Conceição
Pedido de socorro
Durante evento do governo na Concha Acústica, uma quilombola, pertencente ao quilombo Rio dos Macacos, localizado na Região Metropolitana de Salvador, pediu socorro ao presidente Lula.
Rosimere dos Santos foi até o palco, abraçou o presidente, se ajoelhou e depois entregou um documento, que não foi detalhado durante o evento. Lula assinou o papel e depois foi levada para as coxias.
No quilombo que Rosimeire reside, as famílias enfrentam problemas referentes ao saneamento básico, estradas, moradias, educação, iluminação pública, água encanada e violência.
Quilombolas associam os supostos crimes à disputa de terra com a Marinha, desde a década de 1970, quando a Base Naval de Aratu foi construída. Em 2014, militares suspeitos de agredir irmãos foram afastados.