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SINAL VERMELHO - 03/11/2025, 07:00 - Bruno Dias - Atualizado em 04/11/2025, 15:25

Bahia e RJ possuem semelhanças alarmantes em letalidade policial

Em menos de 24 horas, operação no Rio deixa quase o mesmo número de mortos que a Bahia registra em meses

Megaoperação no RJ culminou em 121 mortes, incluindo 117 suspeitos e quatro policiais
Megaoperação no RJ culminou em 121 mortes, incluindo 117 suspeitos e quatro policiais |  Foto: Mauro Pimental/AFP

Há cerca de uma semana, as forças de segurança do Rio de Janeiro iniciaram uma megaoperação que culminou na maior chacina registrada na história do Brasil, com cerca de 121 mortes, incluindo 117 suspeitos e quatro policiais. Em comparação com a Bahia, a alta quantidade de vítimas em tão pouco tempo se torna um dado alarmante.

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Segundo registros divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado com exclusividade à reportagem do MASSA!, - com base no levantamento iniciado em 2022 -, a maior estatística de mortos ocorreu em setembro de 2023, quando 84 pessoas foram baleadas e 72 mortas durante ações policiais.

Mesmo que os números não se aproximem do 'banho de sangue' no RJ, o levantamento se torna ainda mais surpreendente ao considerar que, para alcançar esse dado, foram necessários 74 tiroteios durante um mês inteiro, enquanto na capital carioca precisou de pouco mais de 24 horas para uma quantidade maior.

Ainda conforme as estatísticas, para alcançar essa quantia, o estado baiano precisa de, em média, dois meses com diversas operações e tiroteios. Neste ano, por exemplo, os meses com maior incidência de vítimas em tiroteios em ações policiais foram abril e maio, totalizando 116 mortos em 130 confrontos armados.

Operação no RJ alcançou 121 mortos em pouco mais de 24 horas
Operação no RJ alcançou 121 mortos em pouco mais de 24 horas | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Confira os meses com maior número de vítimas em tiroteios em Salvador e RMS desde 2022:

➡️ Setembro de 2023: 84 baleados (72 mortos e 12 feridos) em 74 tiroteios durante ações policiais.

➡️ Julho de 2023: 76 baleados ( 64 mortos e 12 feridos) em 67 tiroteios durante ações policiais.

➡️ Março de 2024: 76 baleados (60 mortos e 16 feridos) em 77 tiroteios durante ações policiais.

➡️ Agosto de 2023: 69 baleados (61 mortos e 8 feridos) em 64 tiroteios durante ações policiais.

➡️ Setembro de 2024: 67 baleados (56 mortos e 11 feridos) em 57 tiroteios durante ações policiais

➡️ Abril de 2025: 67 baleados (59 mortos e 8 feridos) em 71 tiroteios durante ações policiais.

➡️ Maio de 2025: 67 baleados (57 mortos e 10 feridos) em 59 tiroteios durante ações policiais.

Ações de combate à letalidade policial

Em entrevista exclusiva ao MASSA!, Dudu Ribeiro - co-fundador da Organização Iniciativa Negra, especialista em segurança pública e integrante do Observatório de Segurança Pública da Bahia - apontou que dados consolidados e um melhor treinamento para os soldados são estratégias e soluções que considera adequadas para tentar reduzir o alto número de vítimas em operações.

"Bom, eu acho que o início de uma boa política de segurança pública é a boa produção de dados em segurança pública. A educação e a saúde mostram muito isso: pra fazer qualquer boa política de Estado, ou mesmo políticas de governo, a gente precisa de bons dados. Esse é o primeiro ponto. O outro é investir na formação e na capacitação dos agentes, mas também investir nos protocolos internos — sobretudo no uso progressivo da força, como está previsto em tratados internacionais, inclusive assinados pelo Brasil", opinou.

Aspas

Nós ainda temos um longo caminho a percorrer

Dudu Ribeiro

Ele completou que é preciso também combater as questões internas e institucionais das facções, como o financeiro e domínio de territórios. "Então é preciso fazer um processo que sufoque financeiramente essas facções e que também aprimore a política de controle de armas, sobretudo de armas restritas, que têm circulado livremente entre as facções".

Operação em Valéria, em Salvador
Operação em Valéria, em Salvador | Foto: Alberto Maraux/SSP

Bahia em perigo?

Apesar de dados do Fogo Cruzado indicarem que a letalidade policial cresceu 112% entre janeiro e 17 de outubro deste ano - com 109 mortos, sendo 84 em Salvador - o pesquisador Dudu Ribeiro afirmou que nenhuma chega perto da ocorrência no Rio de Janeiro.

Inclusive, informações do Anuário Brasileiro de Segurança Pública em 2024 diziam que a Bahia lidera, em números absolutos, o ranking de mortes devido à interceptações policiais desde o ano passado.

"A gente já teve muitas chacinas provocadas por ações policiais, mas nenhuma, pelo menos no nosso registro recente, que supere esses casos. Segundo os dados que acompanhamos junto ao Instituto Fogo Cruzado, ainda não está determinado que o Rio de Janeiro vá superar a Bahia no número de letalidade considerando o ano inteiro, mesmo com essa chacina", disse.

Aspas

No registro do ano passado, a Bahia estava muito à frente, quase 40% a mais que o Rio de Janeiro.

Dudu Ribeiro

De acordo com o Fogo Cruzado, metade das mortes registradas (50%) em chacinas policiais ocorreu em ações das unidades Rondesp (Atlântico, Central e Baía de Todos os Santos). Além disso, os bairros mais atingidos foram: Fazenda Coutos (Salvador); Curuzu (Salvador); Rio Sena (Salvador); Fazenda Grande do Retiro (Salvador); Federação (Salvador) e Rio Sena (Salvador).

PM na contenção

Diante dos dados apresentados, a reportagem do MASSA! conversou com o Coronel QOPM Antonio Carlos Silva Magalhães, que explicou as medidas adotadas pela corporação para que episódios como o do Rio de Janeiro não aconteçam na Bahia.

"Nós temos algumas estratégias que vimos adotando, não só em função do Rio de Janeiro, mas em função da atividade policial e da possibilidade de alguns grupos criminosos quererem dominar determinados territórios. Isso nós não vamos permitir no estado da Bahia. Nossa estratégia primeira é a ação de presença — a presença constante da polícia nesses ambientes — porque a polícia presente impede que esses indivíduos queiram tomar determinados territórios como se fossem donos", iniciou.

Aspas

Não existe isso na Bahia. tenha certeza disso: isso não vai acontecer na Bahia. Não existe área de domínio criminoso na Bahia. Quem domina as áreas aqui é o Estado, que é quem deve efetivamente dominar

Coronel PM Magalhães

Em relação as ações dos PMs durante as missões e casos como o das mortes por letalidade policial na Bahia, o oficial garantiu que a tropa está sendo constantemente avaliada e cada vez mais capacitada para 'trampar' nas ruas.

"Nós estamos capacitando o nosso efetivo a cada dia, dando cursos e treinamentos exatamente para fazer o enfrentamento direto ao crime quando ele tentar se estabelecer, mas também atuando com a nossa ação de presença para evitar que ele chegue até esses ambientes", finalizou.

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