O governo da Bahia deve iniciar ainda este ano a implantação das câmeras de monitoramento nos uniformes de policiais militares. Apesar da efetividade comprovada em outros locais, como em São Paulo, o ex-ministro João Roma (PL) e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), se mostraram contrários ao uso da medida durante a campanha eleitoral de 2022.
Defensor de uma postura mais ‘incisiva’ no combate à criminalidade, o então candidato ao governo e ex-ministro da Cidadania, João Roma, deixou clara a sua posição durante a corrida eleitoral e descartou qualquer chance de instalação dos equipamentos em uma eventual gestão sua, caso saísse vencedor do pleito. Em uma sabatina promovida pelo jornal Folha de São Paulo e o portal Uol, em maio do ano passado, Roma foi direto e meteu um sonoro “não”, ao ser questionado se era favorável.
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Em agosto, Roma ainda prometeu adotar uma linha dura para fazer com que os criminosos partissem “a mil” do estado. “É justamente para proteger essa população que hoje sofre na pele, especialmente quem vive nas comunidades, quando começa a ter troca de tiros entre facções, começa a se esconder debaixo da cama, porque começam a ver as balas entrando dentro de casa”, disparou na época.
Netinho também é contra
Segundo colocado na eleição, o ex-prefeito ACM Neto também foi duro ao descartar a adoção das câmeras nas fardas da PM. Em agosto do ano passado, quando ainda era apontado como favorito no pleito estadual, Neto afirmou, em entrevista à Rádio Sociedade, que “antes de monitorar policial”, o Estado precisava “monitorar bandido”, e disse que a instalação das câmeras poderia gerar uma insatisfação na categoria e culminar no aumento da criminalidade.
Neste momento, se você for colocar câmera em policial, ele não vai trabalhar, vai cruzar os braços
ACM Neto
Em setembro, durante sabatina no Bahia Meio Dia, da Rede Bahia, ACM Neto usou uma linha mais moderada ao tratar o assunto, sem descartar utilizar a tecnologia no futuro, mas reforçou a ideia de que os criminosos deveriam ser os primeiros monitorados.
“São Paulo tomou uma série de providências primeiro, organizou a segurança pública, só depois foi colocar a câmera em policial. Aqui não. Aqui, primeiro a gente precisa monitorar o bandido. A gente precisa dar uma resposta imediata às pessoas, devolver a paz às famílias”, pontuou.
Em entrevista à rádio A TARDE FM, em março deste ano, o secretário estadual de Segurança Pública (SSP), Marcelo Werner, reconheceu a resistência de parte dos policiais com a implantação das câmeras, mas defendeu que o modelo vai melhorar a capacitação do efetivo.
Parte do efetivo, até pelo desconhecimento, fica um pouco relutante. Mas isso vai melhorar a capacitação do nosso policial. Muito da doutrina policial da abordagem vem das coisas que podem ser modificadas
Marcelo Werner, secretário estadual de Segurança Pública
Procurada pelo Portal MASSA!, a Secretaria de Segurança Pública (SSP/BA) afirmou que a documentação da empresa vencedora do processo para inserção dos equipamentos foi desclassificada por não apresentar os documentos exigidos. Assim, a segunda colocada está sob análise.
A SSP informa que a documentação da empresa que ficou na segunda colocação está em análise, após a desclassificação da empresa vencedora, devido irregularidade nos documentos apresentados.
Se a documentação da empresa que ficou na segunda colocação for validada pelo setor jurídico do Estado, será agendada a prova de conceito.
A SSP ressalta que a utilização de câmeras é uma prioridade. O objetivo é dar mais transparência às ações das forças de segurança.