A empresa Massa Fort Concreto, alvo de denúncias de más condições de trabalho na usina onde ocorreu o acidente com um reservatório de cimento, que tirou a vida do motorista de betoneira Edvan Oliveira, de 33 anos, estaria funcionando normalmente, apesar da prefeitura de Salvador informar que a firma não tem alvará de funcionamento. A denúncia foi feita ao Portal MASSA! por funcionários.
De acordo com as secretarias de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e da Fazenda (Sefaz), a Massa Fort Concretos Especiais não tem autorização para exercer suas atividades na capital baiana desde 20 de janeiro de 2023, em razão da suspensão do alvará.
Na tarde desta segunda-feira (6), dois trabalhadores, que não quiseram se identificar, relataram que estão muito abalados com a perda do colega de trabalho, além de demonstrarem indignação pela postura da empresa após o óbito do funcionário.
"Eu sou funcionário, mas estou indignado. Perder um colega de trabalho, uma pessoa do bem, por negligência da empresa, até porque, se ela estava com o alvará de funcionamento suspenso, não era pra atuar, ou eles procurem fazer as coisas corretas. Está funcionando normal (a empresa) na antiga usina, a do acidente não, está interditada, porque vai ter novas perícias", disse um deles.
De acordo com este funcionário, a empresa continuou funcionando normalmente após o sepultamento de Edvan, que ocorreu na última quarta-feira (1). No entanto, o trabalho é feito na usina antiga, a 1km do local do acidente, no bairro do Cabula.
"Nós protestamos. Um protesto pacífico, só os funcionários. (...) Não estou conseguindo nem almoçar, 'malmente' tô conseguindo dormir".
Nós perdemos um colega de trabalho, uma pessoa do bem, não foi qualquer pessoa.
Funcionário da Massa Fort
Conforme o relato do outro trabalhador, que vai passar por um psiquiatra, a Massa Fort Concreto ainda ameaça demitir os trabalhadores, que estariam trabalhando assustados.
"Todo mundo está abalado, em estado de choque. (...) A gente ainda tem que tá aqui no horário certo. A gente encerra cinco horas, mas tem obra para levar o concreto, não tem horário para largar. Eles não falaram nada sobre hora extra, se vai mudar alguma coisa, obrigando a gente a lavar o caminhão. Estamos arrasados, trabalhando assustados, com medo, na outra usina. Estamos na luta, sofrendo", relatou.
Ainda de acordo com este funcionário, a empresa não fala sobre o acidente e não deram suporte à esposa.
"Acho que só pagaram o funeral, não entraram em contato informar a situação dele. O documento de Edvan pegou fogo no carro, queimou o documento todo, queimou o celular dele, a esposa está sem documento nenhum, queimou tudo. A esposa dele está sem documento nenhum. A empresa não ajuda em nada", contou.
Posicionamento do Sintracap-BA
Ao Portal MASSA!, o presidente do Sindicato dos Condutores em Cargas Próprias do Estado da Bahia (Sintracap-BA), Marcelo Carvalho, reforçou que a empresa tem tratado a questão trabalhista com "muita irresponsabilidade".
"Ela vem descumprindo as normas técnicas de proteção aos trabalhadores. Forçou que os trabalhadores laborassem e tem forçado durante várias horas extras, que tornam o serviço quase impossível de ser realizado, e o que a gente está pedindo aos órgãos de fiscalização do mundo do trabalho, que é o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho, é que façam o seu papel, que cumpram com a fiscalização e que obriguem a empresa a cumprir com nossa convenção com de trabalho", afirmou o presidente do Sintracap.
São poucas as empresas que se comportam da forma como essa empresa tem se comportado neste mercado, especificamente.
Marcelo Carvalho
O Portal MASSA! entrou em contato com a Massa Fort Concreto, mas ainda não recebeu o posicionamento da empresa.
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