Os trabalhadores da Massa Fort Concreto fizeram um protesto na manhã desta quinta-feira (2), após um reservatório de cimento cair sobre um caminhão betoneira, matando um funcionário e ferindo outros dois colaboradores na última terça-feira (28), no bairro do Retiro, em Salvador.
A manifestação contou com a participação de cerca de 20 pessoas, entre familiares e colegas do motorista de caminhão betoneira, identificado como Edvan Oliveira, de 33 anos, que não resistiu aos ferimentos. O protesto causou a paralisação das atividades na empresa que presta serviços de concretagem para a construção civil.
Durante a ação, os colaboradores da Massa Fort Concreto denunciaram más condições de trabalho nas dependências da filial no bairro do Retiro, na capital baiana, e afirmaram que são vítimas de assédio, como por exemplo ameaças de demissão caso busquem folgas do trabalho ou remuneração diante de hora extra. “Os funcionários [que saíram] não procuram a Justiça, pois existia ameaça que eles não vão conseguir trabalho nessa função em outras empresas caso mova um processo contra a Massa Fort”, declarou.
O Portal Massa! conversou com exclusividade com a esposa do motorista da betoneira. Adriana Costa, de 30 anos, que contou que ela e o marido estavam se preparando para comemorar dois anos de casados e planejavam se mudar no mês de abril para o apartamento que tinham comprado. “Ele me dizia: ‘Amor, assim que a gente mudar e pagar todos os custos, eu irei sair da empresa porque não aguento mais trabalhar neste local.’, mas infelizmente ele não teve tempo de sair”, declarou emocionada.
Em seguida, a viúva revelou que Edvan se queixava das condições de trabalho da nova usina da Massa Fort Concreto e afirmava que a empresa estava mudando de endereço porque o dono do terreno onde ela ainda opera pediu o espaço de volta. “Ele contava que a antiga usina [que ainda funciona] estava em situação precária e que a nova não tinha suporte, espaço e segurança suficientes para o trabalho que ele fazia”, completou sendo amparada por seu pai.
Ela ainda afirmou que a empresa agiu com descanso com a família após a morte de Edvan. “Ninguém da empresa me procurou, eu que tive que ligar pedindo transporte para levar as pessoas para o enterro, que aconteceu em Candeias. Eles enviaram duas vans depois que todos estavam [no sepultamento], mas nenhum responsável pela empresa compareceu no enterro”, desabafou a.
Em entrevista exclusiva ao Portal Massa!, um funcionário, que não quis se identificar, lamentou a morte do colega e pontuou que a empresa trata os colaboradores com descaso. “Estamos chateados e com o coração partido pois perdemos além de um amigo de trabalho, perdemos um irmão. Ele era excelente e vai nos fazer muita falta”, destacou a fonte, informado que a Massa Fort Concreto não tem Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e não zela pela integridade dos funcionários durante o expediente de trabalho.
O Portal Massa! conversou com o gerente comercial da Massa Fort, Bruno Andrade, sobre a morte do colaborador, pontuando as denúncias dos funcionários de más condições de trabalho. Ele declarou que não estava autorizado a comentar sobre o assunto e apenas informou que possivelmente a empresa irá emitir uma nota sobre o acidente
Sindicato se manifesta!
O Sindicato dos Condutores em Cargas Próprias do Estado da Bahia (Sintracap-BA) conversou com exclusividade com Portal Massa! sobre o acidente e as denúncias de funcionários contra a Massa Fort. O presidente da organização, Marcelo Carvalho, culpa a empresa pelo ocorrido e afirma que houve falha do governo na fiscalização. Leia a nota aqui