
A relação entre o homem e o animal tem ganhado cada vez mais força, principalmente para aqueles que se sentem só e precisam de um amigo para todas as horas. Os animais costumam ser fiéis até o fim e permanecem ao lado de seus donos, contudo, os humanos ainda insistem em falhar com os pets e, em alguns casos, abandonam os verdadeiros 'parças'.
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Em Salvador, alguns desses casos são registrados por testemunhas e as imagens logo viralizam nas redes sociais. Apesar de ser considerado crime e resultar até em prisão, muitos tutores não se intimidam.
A Major Erica Patrícia, comandante da Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA), explica, em entrevista ao MASSA!, quais são as possíveis punições.
Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda
Caso alguém registre a cena e queira denunciar um abandono deve ligar imediatamente para o 190. Se possível, realizar o registro fotográfico.
Existem também muitos registros de maus-tratos. Neste caso, a pena pode ser detenção de três meses a um ano, e multa.
"A maior parte das denúncias é voltada a maus-tratos como falta de alimentação e acorrentamento. Os casos vêm diminuindo em virtude das palestras de conscientização e divulgação de cards educativos realizados, inclusive na rede social", destaca a comandante.
Bairros carentes
A atuação do poder público é de fundamental importância para conscientizar e reduzir os casos de abandonos de animais. Por isso, a Diretoria de Promoção à Saúde e Proteção Animal (DIPA) possui projetos de castração tanto em unidades móveis quanto clínicas conveniadas com o objetivo de reduzir procriação de animais e, consequentemente, diminuir o número de abandonos.
A diretora Amanda Moraes revela que os bairros mais carentes possuem maior índice de abandonos de animais.
Acreditamos que estejam correlacionadas a dificuldade de acesso à informação com relação a castração gratuita a qual dispomos
"De acordo as denúncias recebidas pelo Ministério Público e pelo Fala Salvador, é perceptível que as queixas de abandono e maus tratos são mais direcionadas a bairros carentes. Apesar da DIPA vir cada vez mais aumentando o viés da publicidade para um maior alcance", explica.

Fim da Colônia de Gatos
Um dos locais mais conhecidos por abandonos de animais era a Colônia de Gatos, no bairro de Piatã, em Salvador. Em abril do ano passado, a vereadora Marcelle Moraes tomou a frente da situação e retirou os felinos do local. Eles foram encaminhados para uma ONG para serem avaliados e disponibilizados para adoção, se possível.
O MASSA! apurou que atualmente o local não tem registrado crime de abandono. Pessoas que passam pelo local com frequência afirmam que a situação foi resolvida.

Abrigo é salvação e esperança
Tanto o município quanto o estado não possuem abrigo para animais resgatados, a não ser com exceção de quando a projetos direcionados. Por isso, alguns abrigos possuem extrema importância para acolher um animal abandonado, mas que logo ele seja adotado e encontre um novo lar para chamar de seu.
Um dos locais de acolhimento na capital baiana é a Associação Brasileira Protetora dos Animais (ABPA), da Bahia, localizada no bairro de Paripe, subúrbio de Salvador. Atualmente, o espaço tem cerca de 220 cães e 180 gatos. Porém, a missão não é nada fácil e a voluntária Nívea Rodrigues, 55 anos, destaca que a ABPA precisa do suporte de outras pessoas para manter o local na ativa.

"Nós precisamos de ajuda para manter o abrigo, tudo custa! Para alimentá-los são necessárias quase 2 toneladas de ração por mês, são mais de 400 animais, precisamos de vacinas para garantir a saúde deles, precisamos de medicamentos para tratar os que ficam doentes, temos hoje muitos cães idosos que necessitam de suplementos e medicamentos para garantir qualidade de vida", afirma ao MASSA!
Ela começou a ajudar o abrigo antes da pandemia, depois de uma visita despretensiosa em 2019, quando foi pedir orientação sobre como proceder para castrar uns gatinhos que haviam aparecido no condomínio onde mora. "Fiquei tão impressionada com a dedicação e seriedade do trabalho da equipe que na semana seguinte voltei para voluntariar" relembra Nívea.

Apesar de não ter um número exato, ela lamenta o alto índice de abandonos de animais na porta da ABPA. A média fica entre 01 a 06 abandonos por mês. Entretanto, no final de ano os abandonos aumentam e a cena se repete quase todo dia. Os cães ou gatos Sem Raça Definida são os que mais são deixados para trás pelos respectivos donos.
Regras do abrigo
Mesmo com as dificuldades, o abrigo não nega ajuda para os pets que são largados na porta do local. Eles só precisam passar por alguns procedimentos antes de conviver com os outros animais e ficar disponível para adoção.
Quando um animal é abandonado ele é abrigado na quarentena. O procedimento é fundamental para evitar que, se ele tiver quaisquer doenças infecto-contagiosas, os demais sejam contaminados. Depois de uma bateria de exames de sangue, se o resultado for negativo para doenças eles são colocados nos canis ou gatis.

Caso estejam doentes, o protocolo de tratamento é iniciado. Aqueles que por ventura, estejam doentes, mas não de uma doença infecto-contagiosa, são mantidos em tratamento no ambulatório.
Em alguns casos quando os animais chegam muito adoentados ou muito machucados e precisam de cuidados mais intensos, integrantes da equipe ABPA fazem lar temporário para eles e arcam com os com os custos de medicamentos e alimentação.
Toda ajuda é bem-vinda
Nívea também destaca a importância de as pessoas chegarem juntos para fortalecer o trabalho da ABPA.
"Não temos apoio da prefeitura, do governo estadual e nem do governo federal, só podemos contar com o apoio das pessoas que amam e respeitam os animais", ressalta.
Por isso aproveito essa oportunidade para reiterar o pedido, continuem apoiando o nosso trabalho, os peludos contam com vocês
Caso alguém queira doar quantia em dinheiro ou alimento para os pets, basta acessar a página @abpabahia no Instagram e conferir a chave PIX e os pontos físicos para entregar doações ao abrigo.

