
O mês de abril é marcado pela campanha “Abril Lilás”, voltada para a conscientização sobre o câncer de testículo, uma doença que, embora seja altamente tratável, ainda é pouco discutida entre os homens. O alerta é direcionado especialmente para o público entre 20 e 40 anos, faixa etária mais afetada pela neoplasia, que tem crescimento acelerado e pode causar infertilidade ou até mesmo levar à morte, caso o diagnóstico não seja feito a tempo.
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Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 2019 e 2023, mais de 25 mil orquiectomias, cirurgia para retirada de um ou ambos os testículos, foram realizadas no Brasil. A oncologista Carolina Alves Costa Silva, coordenadora do núcleo de pesquisa clínica da Oncoclínicas Bahia e do Hospital Santa Izabel, destaca que, embora não existam medidas específicas de prevenção, o diagnóstico precoce é essencial. “Em casos localizados, a taxa de cura ultrapassa 90%”, afirma a especialista.
Segundo ela, alguns fatores aumentam o risco da doença, como a criptorquidia (quando os testículos não descem corretamente para o saco escrotal), histórico familiar de câncer de testículo, infecção por HIV, uso de cannabis e atrofia testicular. A falta de um exame específico para rastreamento torna ainda mais importante a realização do autoexame mensal, recomendado para homens entre 13 e 35 anos.
“É um exame simples, que pode ser feito logo após o banho quente, quando a pele do escroto está mais relaxada. Basta girar suavemente cada testículo entre os dedos e observar se há nódulos duros ou inchaços indolores”, orienta a médica. Entre os principais sintomas estão nódulos endurecidos (geralmente indolores), sensação de peso na bolsa escrotal, aumento de volume e alterações na textura dos testículos.
O tratamento varia de acordo com o tipo e o estágio do tumor. Na maioria dos casos, a abordagem inicial é cirúrgica, podendo ser complementada com quimioterapia, radioterapia ou outras intervenções. A Dra. Carolina ressalta a importância de um acompanhamento multidisciplinar: “Além dos oncologistas, cirurgiões e radiologistas, muitas vezes contamos com o apoio de pneumologistas, cardiologistas e outros profissionais para garantir um tratamento eficaz e seguro”, destaca.
Mesmo em casos avançados, com metástases em órgãos como pulmões ou fígado, as chances de cura ainda são superiores a 50%, índice considerado elevado em comparação com outros tipos de câncer. No entanto, a retirada dos testículos e os efeitos do tratamento podem comprometer a produção de espermatozoides e levar à infertilidade.
Embora não haja uma forma garantida de prevenir a doença, hábitos saudáveis, como manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas regularmente e evitar o tabagismo, contribuem para a saúde geral e favorecem a detecção precoce. Para homens com histórico familiar da doença, o acompanhamento com um urologista é indispensável.
O autoexame testicular, quando feito corretamente, pode ser um importante aliado nesse processo. Ele é simples, rápido e deve ser realizado uma vez por mês. O momento ideal é após o banho quente, pois o calor ajuda a relaxar a pele do escroto e facilita a palpação. O procedimento consiste em ficar em pé e segurar o escroto com as duas mãos. Depois, examina-se um testículo por vez, segurando-o suavemente entre os dedos polegar e indicador. O testículo deve ser girado delicadamente, observando se há nódulos duros, alterações na textura ou inchaços.
Durante o exame, é normal sentir o epidídimo, uma estrutura alongada e macia localizada atrás do testículo, que não deve ser confundida com um caroço. Após examinar um lado, o mesmo procedimento deve ser repetido no outro testículo. Ao identificar qualquer anormalidade, é fundamental procurar um médico urologista o quanto antes.