Realidade nua e crua. A frase lembra um ditado popular que diz respeito àquilo que, às vezes, está na sua cara, mas você tampa os olhos para não ver, mas que, também, está tão escancarado que é preciso ser cada vez mais debatido para ter efeitos contrários. Reflexo disso é o que vive - hoje, ontem e amanhã - a mulher. Embora tenha firmeza e sangue nos olhos para combater todos os preconceitos que a permeiam, ela ainda continua como alvo de homens, sejam eles maridos, namorados, colegas ou parentes.
Dados e números da 10ª Pesquisa Nacional de Violência Contra a Mulher, realizada pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), revelam que 3 a cada 10 brasileiras já foram vítimas de violência doméstica.
Neste sentido, o Portal MASSA!, antenado e ligado nos 220W, tomou conhecimento de que o número de atendimentos de mulheres nos centros especializados contra a violência, em Salvador, até setembro deste ano chegou a 8.665. A quantia representa um aumento de 33% em comparação ao registrado em 2022, onde 6.501 casos foram trabalhados.
Diante deste cenário, o questionamento que fica é: onde vamos parar? A reportagem conversou com a Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) para entender o que pode ser feito para combater estes casos. A pasta é responsável por realizar ações de acolhimento e/ou prevenção.
Atualmente, três centros de suporte psicológico, assistencial e jurídico dão apoio às mulheres vítimas de violência. São eles: o Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (Camsid), localizado na Rua Léllis Piedade, n° 63, na Ribeira; o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Loreta Valadares (CRAMLV), na Rua Conselheiro Spínola, Praça Almirante Coelho Neto, nos Barris; e o Cream, situado na Rua José Seixas Filho, em Fazenda Grande II.
Os três CRAM’s [Centro de Atendimento à Mulher] oferecem apoio psicossocial e jurídico
“Os três CRAM’s [Centro de Atendimento à Mulher] oferecem apoio psicossocial e jurídico e, em casos que a vítima não tenha para onde ir, após a denúncia, ela é acolhida no Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (Camsid), que funciona 24h na Ribeira”, contou a secretária da SPMJ, Fernanda Lordêlo, em contato com a reportagem.
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Casos
Pelo menos cinco tipos de violência são consideradas pelo Instituto Maria da Penha: física; psicológica; sexual; patrimonial e moral. O primeiro dele envolve aspectos como espancamento, enquanto o segundo ameaças.
O terceiro e o quarto compreendem, por exemplo, estupro e falta de pagamento de pensão alimentícia, respectivamente. Por fim, o último pode ser entendido como a execução de críticas mentirosas.
Com base nesses recortes, o Portal MASSA! obteve os dados de agressões registradas junto à Polícia Civil da Bahia (PC-BA) até o dia 15 de outubro deste ano, em comparação com o período de 2022. Confira:
FEMINICÍDIO
2022 - 85
2023 - 75
Variação: - 11,8
ESTUPRO - Violência sexual
2022 - 585
2023 - 460
Variação: - 21,37
ESTUPRO DE VULNERÁVEL - Violência sexual
2022 - 1.183
2023 - 969
Variação: - 18,1
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL - Violência sexual
2022 - 414
2023 - 438
Variação: + 5,8
LESÃO CORPORAL - Violência física
2022 - 12.327
2023 - 11.746
Variação: - 4,7
Acolhimento e abrigamento
O CAMSID é uma casa de acolhimento provisório. Para chegar nele, a vítima precisa registrar o boletim de ocorrência e análise do formulário de risco. Já no local, a mulher receberá atendimento com psicóloga, assistente social e advogada.
Um detalhe importante diz respeito às crias dela. Caso a vítima tenha um ou mais filhos de até 12 anos, eles também são acolhidos.
Quando o assunto é abrigamento, a mulher é acolhida por cerca de 48h, onde ela será regulada até uma Casa Sigilo, gerida pelo Governo do Estado, ainda conforme relatado pela SPMJ ao Portal MASSA!.
Atendimentos
No período entre 8h e 17h, entre segunda e sexta-feira, as mulheres podem recorrer ao Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Loreta Valadares (CRAMLV), localizado nos Barris. Outra opção é o Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher Arlette Magalhães (Cream), situado no bairro de Fazenda Grande II.
Como denunciar
As denúncias devem ser feitas por meio do número 180, ou presencialmente nas DEAMs. Em caso de necessidade da mulher por suporte psicossocial e jurídico para realizar a denúncia, ela pode procurar um dos CRAM’s.
"A Prefeitura, através do Programa Alerta Salvador, realiza ações de prevenção e orientação para mulheres em comunidades, feiras e ações sociais, em diversos bairros, utilizando instrumentos como o violentômetro, afim de conscientizar as mulheres quanto as formas de violência e como evitá-las buscando sempre ajuda especializada", acrescenta Lordêlo.