
A morte dos três trabalhadores de uma empresa provedora de internet na região do Subúrbio de Salvador levantou diversos questionamentos sobre a motivação por trás do crime. Nesta segunda-feira (22), a Polícia Civil explicou detalhes do ocorrido com base nas investigações realizadas.
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Em conversa com o MASSA!, o delegado e diretor-adjunto do DHPP, Marcelo Calmon, explicou que Ricardo Antônio da Silva Souza, Jackson Santos Macedo e Patrick Vinícius dos Santos Horta foram inicialmente encurralados pelos 'traficas' do Bonde do Maluco (BDM), na região de Marechal Rondon, e, posteriormente, levados para execução no Alto do Cabrito.
Desde as primeiras horas da última terça-feira (16), os homens estavam sendo vigiados pelos elementos no local, enquanto realizavam serviços nos postes. Desconfiados, os bandidos gravaram vídeos alegando que as vítimas estariam instalando câmeras de monitoramento suspeitas e enviaram aos líderes da facção, que autorizaram os assassinatos.
"Houve a alegação de que estariam sendo instaladas câmeras de segurança a mando de outra facção ou até mesmo das forças de segurança pública, o que não se comprovou em nenhum momento. De fato, eles estavam no local com ordem de serviço e a própria empresa confirmou que a atividade consistia na instalação de cabos de fibra óptica, com o objetivo de aumentar a velocidade da internet naquela comunidade, que carece de muitos serviços básicos", afirmou.
Veja um dos vídeos:
Abordados pelos bandidos após o almoço, os trabalhadores comprovaram que não estavam instalando câmeras - ao apresentar os cabos de fibra óptica e a ordem de serviço -, mas, mesmo assim, acabaram novamente questionados e submetidos a um 'tribunal do crime'.
Em seguida, os homens foram rendidos e jogados em um carro modelo Renault Clio. Ao chegarem no Alto do Cabrito, tiveram as vidas ceifadas a tiros.

"Houve a ordem superior das lideranças do grupo criminoso para que as vítimas fossem conduzidas a outro bairro, dominado por uma facção rival, onde foram executadas. Todos esses fatos ocorreram no mesmo dia", contou Marcelo Calmon.
Nos primeiros dias após os assassinatos, surgiram suspeitas de que as mortes teriam sido motivadas pelo não pagamento de um suposto 'pedágio'. No entanto, o delegado do DHPP, Victor Spínola, negou essa versão.
"Aproveito, inclusive, para esclarecer um ponto importante: não houve, de fato, um tribunal do crime formal. As vítimas não foram torturadas, não houve contato dos criminosos com representantes da empresa ou com familiares para pedido de resgate ou qualquer tipo de vantagem", explicou.
Vestígios encontrados
Após tomar conhecimento do crime, as forças policiais rapidamente agiram em busca de vestígios e dos suspeitos. Ao longo dos dias, a Kombi em que os trabalhadores foram ao local, o Clio usado pelos criminosos para transportá-los ao local do crime e o celular de uma das vítimas foram localizados.
Além disso, três suspeitos acabaram interceptados pela polícia, sendo um morto em confronto - identificado como Jeferson Caíque Nunes dos Santos, o 'Badalo' - e dois presos: Jonatas Amorim Nascimento, conhecido pelo vulgo de 'Jon' e um outro ainda não identificado, que se apresentou ao DHPP nesta segunda-feira (22). Outros cinco criminosos seguem na mira.
Relembre o caso
Ricardo Antônio, Jackson Macedo e Patrick Vinícius estavam fardados e se preparavam para iniciar um serviço no bairro do Alto do Cabrito quando foram mortos. Os corpos apresentavam marcas de tiros, além de mãos e pés amarrados, segundo informações da Civil a reportagem.
A ofensiva para esclarecer o caso mobilizou pesado efetivo. A operação contou com agentes do Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), do Departamento Especialado de Investigações Criminais (Deic) e da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core). Mais de 50 policiais participaram das ações.
