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rebateu - 08/11/2024, 15:01 - Da Redação - Atualizado em 08/11/2024, 15:30

Acusado pelo sumiço dos jovens, dono do ferro-velho quebra o silêncio

Marcelo Batista é suspeito pelo desaparecimento de Paulo Daniel, de 23 anos, e Matusalém Silva Muniz, de 25

Marcelo Batista é o proprietário do ferro-velho onde os jovens desaparecidos trabalhavam
Marcelo Batista é o proprietário do ferro-velho onde os jovens desaparecidos trabalhavam |  Foto: Reprodução/Record

Proprietário do ferro-velho no bairro de Pirajá e apontado como suspeito do desparecimento dos funcionários Paulo Daniel, de 23 anos, e Matusalém Silva Muniz, de 25, Marcelo Batista rebateu todas as acusações em entrevista à TV Record, nesta sexta-feira (8). Ele ainda chegou a ser denunciado por tortura contra outros trabalhadores.

Segundo Marcelo, atividades suspeitas relacionadas a furtos foram percebidas dentro do ferro-velho. O proprietário afirma que, após registrar queixa, recebeu uma informação de que Paulo Daniel e Matusalém seriam justamente os envolvidos no desvio das mercadorias.

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"Eu fui fazer a queixa, expliquei sobre o buraco, expliquei tudo. Aí, quando voltei pra empresa, meu funcionário, correndo, me relatou que esse Paulo Daniel e esse menino estavam jogando os fardos pelo buraco. Foi quando a gente chamou ele na minha sala, e aí eles tentaram evadir. A gente segurou ele pra que ele pudesse dar uma explicação sobre quem estava furtando. Tem testemunha e tudo", contou.

"Aí, depois que a gente sentou e conversou, eles disseram quem foi, saíram pra poder... Me deram a palavra de que, no dia seguinte, iam fazer um novo furto pra poder prender os rapazes. Inclusive, ele disse que o comando era dele, que os caras só viam quando ele jogava o fardo no buraco".

Além disso, Marcelo explicou que as câmeras de segurança do estabelecimento estavam danificadas há meses, o que impediu que os supostos furtos fossem flagrados em vídeo. Ele diz que acredita que as câmeras foram destruídas pelos próprios funcionários, de maneira proposital, para evitar a captura das atividades suspeitas.

Paulo Daniel, de 23 anos, e Matusalém Silva Muniz, de 25
Paulo Daniel, de 23 anos, e Matusalém Silva Muniz, de 25 | Foto: Reprodução

"Essas câmeras foram todas destruídas pelos próprios funcionários há mais de dois meses, porque, se tivesse filmado, eu pegava um ladrão que estava me roubando no domingo. Meu encarregado até comentou: ‘Tem que ligar essas câmeras’. Eu falei: ‘Mas tem que ligar a energia’. Pra ligar a câmera vai ser uma trabalheira, e as câmeras estavam todas quebradas".

"Eu não tive a sacada de que eles próprios vinham quebrando as câmeras para não ser registrado, mas eu não desconfiei que eles estavam quebrando devagarzinho, uma por uma, porque a minha lógica era ligar a energia, que foi cortada há meses. Aí, vocês podem ver na Coelba. Esse galpão é só usado para armazenamento, e eu não percebi que eles iam quebrando com o tempo, né? E por isso que eu não tenho a filmagem – as câmeras não funcionavam há um bom tempo", completou.

Marcelo também desmentiu rumores de que teria sido expulso da Polícia Militar e de que teria incendiado o próprio carro para prejudicar as investigações. "Eu nunca fui expulso da Polícia Militar; essa é a maior mentira do mundo. Eu nunca fui expulso da Polícia Militar, eu pedi pra sair da Polícia Militar. Podem pedir um ofício da Polícia Militar e vocês vão constatar que eu nunca fui expulso – eu pedi pra sair da polícia".

"Meu Deus do céu, como é que eu vou queimar o meu próprio carro? Isso aí provavelmente foi a família, tanto que eu tô aqui do meu lado pra tirar as carretas daí da rua. Como é que eu vou me dar um prejuízo? Como é que eu vou me queimar? Como é que eu vou queimar o meu próprio carro, gente? Vocês não estão vendo que isso é a maior loucura?".

Sobre as investigações, Marcelo demonstrou receio de se apresentar à polícia sem uma garantia de que não seria preso preventivamente. Ele defendeu a necessidade de um habeas corpus para poder apresentar seu testemunho e o de seus funcionários sem perder sua liberdade.

"Eu quero me apresentar pra dar minha versão, mas eu não quero ficar preso. Eu não quero ter a minha liberdade cerceada. Meu advogado falou que eu posso ser preso até que termine a investigação, três, quatro meses. Quem quer ficar três, quatro meses enjaulado? A liberdade é nosso bem mais precioso, então eu preciso de habeas corpus pra ir até a delegacia com as minhas testemunhas pra apresentar todos os fatos".

O proprietário do local também levantou dúvidas sobre a rapidez com que a família de um dos desaparecidos entrou em contato com ele. "Uma coisa que me deixa intrigado é que o funcionário saiu e, à meia-noite, a mulher dele já me ligou me acusando: ‘Cadê meu marido? Você vai dar conta, não sei o quê?’ Parecendo que alguém tinha avisado a ela. Cara, uma coisa que me chama a atenção é que, à meia-noite, os parentes dele já me ligaram me acusando, dizendo que eu tinha que dar conta do marido dela, que eu tinha dado fim no marido dela. Parecendo que alguém tinha ligado pra ela pra avisar que eu era o culpado pelo sumiço do marido, parecendo que era algo montado", disse.

"Com certeza, esses meninos saíram de lá, alguém fez alguma coisa com ele. Provavelmente, os caras estavam roubando junto com ele, e esses caras ligaram pra família dela avisando que fui eu. Mesmo que eu tivesse feito alguma coisa, como é que ela ia saber que fui eu? Tá vendo que isso não bate? Provavelmente, foi alguém que fez alguma coisa com ele e já ligou pra família dela avisando que fui eu. Isso não tem lógica, gente. Eu preciso de um habeas corpus, eu preciso apresentar a realidade dos fatos. Abri a empresa, mostro tudo, mostro o depoimento dos funcionários que testemunharam tudo", acrescentou.

A polícia ainda investiga o desaparecimento de Paulo Daniel e Matusalém. Até o momento, nenhum novo indício sobre o paradeiro dos jovens foi revelado.

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