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Por trás do brilho! - 14/06/2025, 08:00 - Luan Vitor - Atualizado em 14/06/2025, 10:02

Quadrilhas Juninas de Salvador lutam para celebrar cultura nordestina

O Massa! conversou com dois grupos da capital baiana para entender o processo por trás do show nas quadras

O Massa! conversou com representantes das principais quadrilhas de Salvador
O Massa! conversou com representantes das principais quadrilhas de Salvador |  Foto: Denisse Salazar/Ag. A Tarde

Com a chegada do São João, todos os holofotes apontam para um só lugar: o Concurso Estadual de Quadrilhas Juninas. Um show repleto de cores, dança e muita cultura nordestina. Uma competição levada muito a sério por aqueles que são chamados de brincantes.

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No dia 11 de junho de 2025, o Campeonato Estadual de Quadrilhas começou na Bahia, sendo disputado por mais de 50 grupos oriundos de diversos locais do estado. O que poucos sabem é que, por baixo das saias de babado, há muito trabalho e meses de preparação para que o show possa acontecer. A quadra é apenas o resultado de quase um ano inteiro de trabalho.

Com as apresentações acontecendo entre maio e julho, já no mês de agosto as pesquisas começam a ser feitas. “A gente já começa a pensar o espetáculo do ano seguinte em agosto, e começa com a pesquisa temática, para saber sobre o que vai ser falado”, nos contou Mariete Lima, presidente da Quadrilha Forró do ABC.

Qualquer semelhança com as grandes escolas de samba do eixo Rio–São Paulo é válida: enquanto as agremiações enfeitam o Carnaval, as quadrilhas dão cor e ritmo ao São João.

Capelinha do Forró no Campeonato Estadual de Quadrilhas 2024
Capelinha do Forró no Campeonato Estadual de Quadrilhas 2024 | Foto: Alessandra Lori/Ag.A Tarde

“O espetáculo começa a ser montado assim que acaba o ano, é igualzinho a uma escola de samba, a gente encerra a temporada em julho, e já começa a desenvolver a temática do próximo ano, se precisar a gente viaja para fazer pesquisa de campo e fazemos tudo até setembro", revelou David Washington, diretor da quadrilha Junina Capelinha.

As histórias contadas nas quadras trazem emoção e alegria para quem pode prestigiar os brincantes em ação, porém, as histórias das próprias quadrilhas também emocionam aqueles que, mesmo com as dificuldades enfrentadas, ajudaram a manter vivo um dos aspectos mais marcantes da cultura nordestina em meio ao declínio desse movimento.

Com o passar dos anos, a cultura da quadrilha enfraqueceu. De acordo com a presidente do Forró do ABC, a falta de competições e os incentivos financeiros escassos contribuíram para que as pessoas perdessem o interesse em serem de quadrilhas.

Quadrilha Forró do ABC, no Campeonato Estadual de Quadrilhas Juninas em 2024
Quadrilha Forró do ABC, no Campeonato Estadual de Quadrilhas Juninas em 2024 | Foto: Denisse Salazar/Ag. A Tarde
Aspas

Com a falta de apoio e de concursos, nós temos perdido muitos brincantes, pessoas que gostam de dançar quadrilha, mas, para isso, existe um investimento, existem sacrifícios, você termina abandonando a sua família por praticamente seis meses, é toda uma dedicação. Aí chega em junho você tem quatro ou cinco apresentações. Isso tem enfraquecido muito o movimento

Presidente da Quadrilha Forró do ABC Mariete Lima

A dificuldade financeira é um problema mais recorrente nas quadrilhas de Salvador, pois, nas cidades do interior baiano, grande parte das prefeituras subsidia as quadrilhas. Na capital, os grupos dependem de editais de incentivo à cultura e da arrecadação entre os próprios membros dos grupos.

“Aqui em Salvador, os brincantes pagam figurino, coisa que não acontece nos interiores, porque as prefeituras investem para que as quadrilhas tirem seu espetáculo do papel. Aqui em Salvador, a prefeitura não ajuda em nada, e por isso temos que manter a cultura do nosso próprio bolso”, desabafou o diretor da Capelinha.

Figurino da Junina Capelinha em 2018
Figurino da Junina Capelinha em 2018 | Foto: Alessandra Lori/Ag.A Tarde

Ainda segundo David, para que um espetáculo, com cenário e figurino, possa acontecer, as quadrilhas precisam desembolsar entre R$ 100 e R$ 150 mil reais. Na Forró do ABC, os gastos com o espetáculo deste ano já ultrapassaram os R$ 200 mil. Enquanto isso, muitos prêmios registrados em concursos do gênero não passam dos R$ 14 mil.

Mas, mesmo em meio às dificuldades, este ano tem São João, e as duas quadrilhas trazem espetáculos vibrantes para as quadras.

A Forró do ABC, a quadrilha adulta mais antiga de Salvador, fundada em 1982, durante uma gincana escolar no bairro do Pau Miúdo, trará este ano uma homenagem aos artistas que dão vida aos festejos juninos, com o tema “O Sanfoneiro de Caruaru”. A junina busca trazer o reconhecimento desses profissionais que, mesmo lembrados apenas nesta época do ano, contribuíram diretamente para a construção da cultura nordestina.

Figurino Forró do ABC 2024
Figurino Forró do ABC 2024 | Foto: Denisse Salazar/Ag. A Tarde

A Junina Capelinha, fundada em 1998, tem o tema “Noite de Encantaria”, a representação de uma lenda maranhense, de um rei português que desaparece em uma de suas batalhas e surge no Brasil, na Ilha de Lençóis, no Maranhão. Ele aparece como um touro encantado, com uma estrela de ouro na testa, que, caso atingida, garante ao forasteiro todo o ouro do rei e uma de suas filhas como esposa.

A Capelinha e o Forró do ABC se apresentam no Campeonato Estadual de Quadrilhas Juninas pelo grupo semi-especial, neste sábado (14), e grupo especial, neste domingo (15), e respectivamente.

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