
Figurinos deslumbrantes, o som do forró e muita animação: esse é o clima que toma conta da Praça da Revolução, em Periperi, com o início do XVI Campeonato de Quadrilhas Juninas da Bahia, que começou na tarde desta quarta feira (11). Até domingo (15), mais de 50 grupos vindos de diversas regiões do estado se apresentam gratuitamente na arena montada no Subúrbio Ferroviário de Salvador, encantando o público com coreografias vibrantes, músicas animadas e histórias emocionantes contadas por meio da dança.
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Organizado pela Federação Baiana das Quadrilhas Juninas (Febaq), com patrocínio do Governo do Estado, por meio da Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur), o evento é um dos maiores do gênero no estado. Além de celebrar a tradição do São João, a competição promove inclusão cultural em territórios periféricos da capital baiana.
Reconhecida em 2024 como Manifestação da Cultura Nacional, a quadrilha junina é um movimento que une arte, fé e comunidade. Por trás de cada apresentação há meses de ensaio, costura, produção de adereços e roteiros cuidadosamente planejados.

Como funciona?
Dividido em três categorias — Grupo de Acesso, Semi-Especial e Especial — o campeonato terá apresentações diárias a partir das 10h, com expectativa de público de 12 mil pessoas ao longo dos cinco dias. As quadrilhas concorrem a um prêmio total de R$ 250 mil.
O cronograma da competição é intenso: nos três primeiros dias, 437 quadrilhas do Grupo de Acesso disputam uma única vaga para a final, com a campeã sendo revelada pela manhã. No sábado (14), oito grupos do Semi-Especial entram em cena, e no domingo (15), nove quadrilhas do Grupo Especial encerram o evento, quando será conhecida a campeã baiana de 2025.
Histórias encantadoras
Os bastidores revelam histórias de superação e amor à cultura. Júlio Araújo, da quadrilha Se Vira Nós Trinta, de Coração de Maria, é o coreógrafo do grupo e conta que o processo de preparação começa logo após o fim do São João. “Em novembro já estamos ensaiando. Só de estar aqui, pra mim, já é uma vitória”, afirma. Este ano, o grupo trouxe uma apresentação que mistura fé e folclore, narrando a proteção de um noivo ameaçado por uma bruxa, graças à intervenção de São José.
Já Breno Neves, de 27 anos, é fundador e presidente da quadrilha Explosão Junina, de Valença. Ele conta que a apresentação deste ano é inspirada na devoção a Nossa Senhora Aparecida e na trajetória de Luiz Gonzaga, com enredo ambientado em um museu fictício do “Rei do Baião”. “Mesmo se não ganharmos, o sentimento é de realização. O importante é manter a cultura junina viva”, diz Breno.
A professora aposentada Fabiane Almeida, de 62 anos, veio de Plataforma com as netas para assistir às apresentações. “É uma emoção que não cabe no peito. A gente vê esses jovens dançando, essas roupas lindas... Me lembra a minha juventude. É cultura viva!”, contou.
Já o estudante Lucas Ribeiro, de 20 anos, morador de Paripe, diz que nunca perde o campeonato. “É aqui que a gente vê o verdadeiro São João. Não é só forró, é história, é arte. Todo ano me arrepio com as apresentações”.
Importância do evento
Além do impacto cultural, o campeonato movimenta a economia local. Ambulantes, artesãos, cozinheiras e salões de beleza aproveitam o aumento no fluxo de pessoas. Barracas com comidas típicas, artesanato e lembranças formam uma feira informal em torno da arena. Segundo a Secretaria de Turismo da Bahia (Setur), 31% dos turistas que visitaram Salvador em junho de 2024 vieram exclusivamente por causa das festas juninas.
O evento conta com reforço na segurança e atendimento médico, com apoio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.