O agora candidato à prefeitura de Salvador, Kleber Rosa (PSOL) comentou nesta sexta-feira (26), sobre os momentos difíceis de pobreza que passou na vida até chegar à política. Ele fez relatos de como foi sua infância com seus pais e mais cinco irmãos durante discurso arrojado.
"É muito, muito especial, eu me sinto privilegiado de estar aqui. Quando eu me entendi por gente, a primeira vez que tive consciência da minha existência, eu morava em uma casa de dois cômodos. Dividia ela com sete pessoas: eram cinco filhos e meus pais. E era o quarto e a sala. O quarto do casal e a sala era tudo, a sala era o quarto das crianças, a sala era a cozinha. O banheiro era do lado de fora, coletivo, para uma comunidade, sem esgotamento sanitário. A gente tinha que ter cuidado quando pisava em cima, porque poderia cair na fossa", disse Kleber.
"Foi nessa realidade que eu me vi pela primeira vez no mundo. Dificuldade de alimentação. A casa, inclusive, não era própria. Era comum minha mãe e meu pai saírem para trabalhar, deixando cinco crianças de dois, quatro, seis, oito e dez anos no escadinho, uma cuidando da outra. Mas, na verdade, a gente morava em uma comunidade, e a gente sabe o significado de comunidade, né?", concluiu o candidato.
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Seguindo na mesma linha, Kleber comentou sobre a desigualdade na cidade, onde podemos encontrar bairros de alta classe ao lado de comunidades extremamente pobres. O candidato afirmou que a cidade exclui as pessoas mais pobres para que a elite soteropolitana viva em sua bolha.
"Nós temos uma cidade onde as elites moram nos lugares privilegiados, nos lugares de conforto, e o nosso povo mora nos confins, escondido, expulso. E isso não é uma geografia que se montou espontaneamente. Isso é uma geografia, um formato de ocupação de cidade que foi pensado, planejado e executado por essas pessoas que dirigem a nossa cidade hoje", iniciou Rosa.
"Na década de 1950, havia uma ocupação espontânea ali na Ondina. Quando começou o processo de 'modernização' da nossa cidade, capitaneado pelo velho ACM quando era prefeito, ele passou por cima de toda ocupação popular, expulsando a gente para os lugares distantes para modernizar o centro. E aí eu pergunto, modernizar para quem? Se nos expulsou, modernizar para quem? Então essa cidade que temos hoje é uma cidade onde, nos seus lugares privilegiados, há um pequeno grupo de pessoas brancas, ricas, estudadas, com direito à saúde, educação e vida digna, enquanto a maior parte do nosso povo está distante, onde não chega transporte, emprego, saúde, educação, mas chega muita violência. É dessa forma que eles pensam em continuar dirigindo essa cidade", concluiu.