
Termo que vem do latim "superstitio", a superstição descreve crenças sem fundamentação lógica. No futebol, as práticas misticiosas, acompanhadas da paixão fervente pelo esporte, acompanham os torcedores que desejam atrair sorte para seus respectivos times ou emanar azar para os adversários.
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Nas vésperas do clássico Ba-Vi, previsto para a noite desta quinta-feira (16), às 21h30, os torcedores de cada equipe preparam seus rituais em busca dos resultados positivos. Seja com roupas, objetos ou ações, cada costume é único para cada pessoa, representando suas crenças.
Torcedores e místicas
Para o duelo de amanhã, a torcedora do Bahia, Renata Cristo, de 25 anos, separou seu maior amuleto para trazer sorte ao time do coração: a camisa tricolor em comemoração ao título do Campeonato Brasileiro conquistado pelo clube em 1988. Segundo ela, toda vez que assiste a um jogo importante com o ‘manto’, o Esquadrão sai vitorioso.
“Tem alguns anos que eu sou sócia do Bahia. E aí eu me aproximei muito dessa realidade de estádio. E aí, quando eu comecei a ir, fui comprando camisa e tal. Quando tinha jogos decisivos, tipo os que valiam vaga nas oitavas, quartas de final, semi e por aí vai, eu não gosto de ir com a camisa que nunca tenha ganhado um jogo, por exemplo”, explicou.

Então eu só vou com camisas que eu tenho certeza que já fui pra um jogo em que o Bahia ganhou
Renata Cristo, de 25 anos
Para o Ba-Vi, apesar de não estar presente no estádio devido à proibição da torcida mista desde 2017, a tradição segue firme por onde for. “Vou usar porque ganhar do Vitória é sempre bom né, acaba sendo um jogo mais tenso. Mas não sendo um jogo decisivo eu fico mais tranquila”, afirmou.
Superstição rubro-negra
Do outro lado da moeda, a torcida vermelha e preta também reúne práticas em busca de sorte. Exemplo disso é Afonso Amaral, torcedor assíduo do Vitória que mantém uma superstição desde os tempos mais difíceis do clube do coração.
“Eu tenho uma superstição que vem desde a Série C. Na verdade, eu uso o mesmo short — inclusive ele já tá bem surrado. Esse ano eu até tenho que trocar, porque não tá dando muito certo em certas partidas. Mas no último jogo eu vim com essa camisa branca e ela ganhou o jogo. Então amanhã eu pretendo vir com ela de novo”, disse.

Além da vestimenta, o rubro-negro também aponta que pequenos elementos na rotina podem afetar a sorte e, consequentemente, o desempenho do time. “Você tem que acordar no mesmo horário, comer a mesma comida do jogo que venceu, sair de casa no mesmo horário e vir pelo mesmo caminho. No Ba-Vi, principalmente, você tem que ter mais atenção”.
Superstições em evidência
Ser supersticioso, ou 'meio-crente', é uma característica presente na cultura popular há décadas, transmitida ao longo das gerações, com influências das culturas indígenas, africanas e europeias. Mesmo na era moderna, jovens ou adultos continuam com a prática que os conectam com suas raízes e tradições.
No futebol, além dos torcedores, é comum ver gestos supersticiosos entre jogadores e membros das comissões técnicas. Orações, terços, objetos, formas de usar uma roupa, chuteiras específicas e outros hábitos fazem parte da enriquecida cultura do esporte e a tendência é que a prática continue atravessando épocas.