Faixa preta, professor e um grande vencedor. Esse é Diego Kalil, de 35 anos, baiano e atual campeão de dois eventos do circuito da AJP Tour de Jiu-Jítsu. Com uma coleção incrível de medalhas, Kalil está sempre em busca de mais. Após um grande ano de 2022, o lutador traçou como meta ser ainda melhor neste ano.
O lutador baiano disputa em duas categorias. Em eventos de maior relevância, ele luta no -62kg (Grand Slam e World Master) e outros eventos -69kg (International, National e Continental). E, desde que começou a competir na AJP Tour, Diego Kalil está invicto em eventos International.
Coloquei como objetivo para este ano (2022/23) alcançar o top 5
Diego Kalil, lutador
"No ano passado, eu disputei o circuito da Abu Dhabi Jiu-Jitsu Pro Tour, finalizei em 9º no ranking mundial faixa preta master 1. Coloquei como objetivo para este ano (2022/23) alcançar o top 5. Então já começou em dezembro, fui campeão do AJP Internacional em Lauro de Freitas, em março conquistei o bicampeonato do Abu Dhabi Grand Slam London, e segui competindo por diversas cidades do mundo em busca desse objetivo. Nesta última viagem pro exterior, até agora competi dois eventos, o AJP Tour Europe Continental Masters e o AJP Tour Doha International, e consegui me sagrar campeão de ambos", celebrou em entrevista exclusiva ao Portal MASSA!.
Amante da luta há cerca de 20 anos, Kalil começou com o jiu-jítsu ainda sem olhar para o âmbito profissional. Ele estudava arquitetura e chegou a se formar no curso, mas foi aí que percebeu que sua trajetória nos tatames seria muito mais que apenas um lazer com os amigos.
"Comecei a praticar em 2003, sem pretensão de ser atleta ou professor, apenas por influência de alguns amigos e por gostar de artes marciais. Já tinha praticado karatê e capoeira antes, por pouco tempo, mas o jiu-jítsu é apaixonante. Desde então, eu nunca parei de treinar, são quase 20 anos ininterruptos de treino", iniciou.
Percebi que ali estava uma parte de mim e que nunca mais eu me afastaria
"Já competia desde a faixa branca e na roxa comecei a dar aula, mas, mesmo assim, eu enxergava aquela fonte de renda como passageira. Quando eu era faixa marrom, comecei a faculdade de arquitetura e foi quando menos treinei, mas mantive minha rotina de treinar pelo menos duas vezes por semana e fiquei quase o período todo da faculdade na faixa marrom. Só que o amor pelo jiu-jítsu era tanto que adiantei algumas matérias na faculdade, para que nos últimos dois semestres tivesse apenas o TCC e mais tempo pra treinar. Com todo esse movimento que eu fazia na minha vida em torno do jiu-jítsu, percebi que ali estava uma parte de mim e que nunca mais eu me afastaria", recordou.
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Inspiração para os jovens
Além de competidor, Diego Kalil tem um papel importante como professor e grande exemplo de inspiração para seus alunos. Ele afirma que quer fazer mais do que vencer, mas também deixar um legado de que o cenário baiano possa acreditar que é possível chegar ao topo.
"Eu virei profissional já com 30 anos, então me profissionalizei tardiamente, mas tenho o objetivo de mostrar aos meus alunos, aos praticantes de jiu-jítsu, aos atletas de Salvador, da Bahia, que era possível sim se profissionalizar no jiu-jítsu, morando na Bahia, morando em Salvador. Consegui ganhar o mundo, criar notoriedade, criar autoridade no jiu-jítsu, estando na Bahia. E assim, automaticamente, eu poderia fortalecer o esporte no meu estado, elevando o nível. Então, se eu vou buscar fora, eu trago para dentro, eu consigo somar com o esporte para todo mundo", comentou
Consegui ganhar o mundo, criar notoriedade, criar autoridade no jiu-jítsu, estando na Bahia
"Eu quero que eles me vejam campeão, que o cara que treina aqui em Salvador... acreditem que é possível. Então, é dessa forma que eu tento inspirar os meus alunos, as pessoas até que não praticam jiu-jítsu, a entender que com disciplina, com planejamento e com determinação a gente consegue alcançar os nossos objetivos, que o lugar não quer dizer nada, vai depender mais da sua vontade", completou.
Descobridor de talentos
Todo este trabalho, inclusive, já tem dado frutos dentro da academia Six Blades, em que Diego Kalil treina e é sensei. Jovens talentos como Mateus Fernandes, de 19 anos, e Cauã Levi, 17 anos, já colecionam títulos e despontam no cenário nacional e internacional.
"Mateus e Cauã são dois meninos, dois jovens que vêm despontando aí no Jiu-Jitsu baiano e que eu vejo uma influência direta, minha e de Bosko [Ribeiro, também sensei], por estar ganhando o mundo. Eles estão querendo também viajar mundo afora, competir os maiores eventos do mundo. Cauã treina com a gente em Salvador e tem pódio no Mundial, ele é terceiro mundial, ele é vice-campeão europeu, ele é campeão brasileiro, campeão sul-americano. Vejo que já há influência da gente na carreira dos nossos jovens atletas. Inclusive, vamos lutar o campeonato europeu em Paris, em janeiro de 2024, onde a gente vai com esses dois jovens e representar Salvador lá", projetou.
Dificuldades
Mas nem tudo são flores para Kalil, que também acaba impactado pela falta de incentivo ao jiu-jítsu e o esporte como um todo no Brasil. Ele afirma que competir "preocupado com as contas" já atrapalhou diretamente seu desempenho em competições.
"É muito desafiador, temos pouco apoio financeiro, e o que temos é desproporcional aos nossos objetivos. Além da burocracia pra se conseguir algum programa dos poderes públicos. E o que mais atrapalha é ter que buscar recursos para viajar e muitas vezes competir preocupado com as contas. Já performei mal por isso e me endividei. Assim como já viajei com as despesas pagas e me senti livre pra apresentar meu Jiu-Jitsu", disse.
Para se ter uma ideia, Kalil faz toda a sua preparação em Salvador, na Six Blades. "Eu consigo fazer minha preparação toda na minha escola em Salvador, a Six Blades Jiu-Jitsu Itapuã. Lá, eu tenho todos os tipos de treino que preciso, montamos o nosso treino juntos, eu e meu professor Bosko Ribeiro. Além disso, tenho uma equipe multidisciplinar que me apoia com fisioterapia, preparação física, nutrição, avaliações médicas e suplementação para eu chegar no meu melhor nas competições", explicou.
Confira trecho da entrevista:
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