Adelmare Santana, ou Júnior Pitbull, como é popularmente chamado pelos amigos, é um atleta baiano de paradesporto do jiu-jitsu que, com muita garra e trabalho duro, conseguiu superar as dificuldades e limitações físicas. Ele vem se tornando um grande destaque da modalidade em âmbito nacional e agora vai representar o Brasil no Mundial da modalidade deste ano.
A história de Júnior Pitbull com o esporte começou bem cedo, quando desde os 13 anos frequentava o estádio para ver os jogos do seu time de coração, o Bahia, onde também se juntou a uma torcida organizada do clube. Na época, ele também já praticava e se dedicava arduamente ao jiu-jitsu. Porém, um fatídico acontecimento entre briga de torcidas rivais deixou o jovem em uma cadeira de rodas, quando tinha 20 anos de idade.
“Eu era líder de uma torcida organizada por vários anos. E aí eu tomei um tiro em uma briga entre torcidas organizadas rivais em 2008. Fiquei tetraplégico, perdi os movimentos do corpo todo, não mexia nem braço, nada”, iniciou.
Diante das dificuldades momentâneas, o lutador não se intimidou e, com muita garra e força de vontade, usou do grande sentimento pela prática do esporte como uma base poderosa para conseguir se reerguer e superar os obstáculos. “Com o tempo eu pude já praticar esportes, facilitou na minha recuperação. Consegui recuperar os movimentos dos braços e nas mãos tive uma evolução parcial, mas eu não consegui recuperar os movimentos ainda. Pra mim foi bem difícil no começo pra ressignificar tudo isso. Então o jiu-jitsu me ajudou muito, tanto fisicamente como eu não mexia nada no corpo, como psicológica”, acrescentou.
Agora, no auge dos seus 35 anos, ele conta ao MASSA! que está na sua “melhor forma”, e muito disso se dá por conta do grande apoio que recebe. “Eu tenho uma filha que começou a treinar comigo, Yasmin, minha filha mais velha de 13 anos. Tenho duas filhas, uma de 8 anos e uma de 13. E aí, ela sempre foi o meu maior apoio desde o começo pra eu estar treinando. A minha família sempre me apoia muito, sempre me deu todo o suporte, sempre esteve do meu lado. Desde o começo, então, acho que a família é a base principal pra tudo”, expressou Júnior Pitbull.
“Eu tenho hoje bons amigos que eu construí na torcida do Bahia. E que eu levo pra minha vida. Só que hoje a minha equipe, a minha família do jiu-jitsu, a escola de jiu-jitsu Rafael Arara, sempre foi fundamental na minha vida. Porque o apoio que o meu mestre me deu, que os meus amigos me dão pra estar treinando, pra estar ativo, é fundamental”, completou.
Disciplina e foco nos campeonatos
Diversas vezes campeão baiano no parajiu-jitsu, campeão também de um Sul-Americano de faixa azul, e da Copa do Brasil, Júnior Pitbull, como é conhecido nos tatames, possui uma carreira de respeito. Contudo, a sede e ambição por vencer nunca é demais e ele agora parte em busca do Campeonato Brasileiro da categoria, no Rio de Janeiro.
“Sobre o Brasileiro, não tenho dúvidas de que eu vou ganhar. Eu vou lá mais uma vez, vai ser no Rio, já tive algumas aí no Rio e aí não tenho dúvida que eu vou ganhar mais essa, sou muito determinado, focado. Quando eu entro no tatame eu sou aquele pitbull bravo. Eu vou lá pra pegar”, garantiu.
Com total foco e disciplina no objetivo, Júnior conta que com ele não tem gracinha, tendo o estilo de luta bem direto e objetivo por conta da lesão, que o faz ter menos mobilidade do que os demais competidores. Com isso, o pitbull parte logo para surpreender e derrubar o adversário de uma vez só.
“No meu estilo de luta, a minha lesão é muito alta. Então, eu tenho uma limitação muito grande na mobilidade e às vezes eu acabo lutando com os caras que têm uma mobilidade maior. Então, nem sempre eu posso ser tão ativo como eu gosto de ser geralmente. Eu sou muito do jiu-jitsu antigo, derrubo, passo, e aí já vai pra pegar. Não fica a gente rolando muito, não”, afirmou.
Além do Brasileirão da modalidade, o “Pitbull” também encara um desafio ainda maior, em meio ao Mundial de Parajiu-Jitsu, que será no início de novembro, em Abu Dhabi, na Arábia Saudita. Apesar de disputar o torneio pela primeira vez, ele não se intimida e, mesmo com as dificuldades, garante dar tudo de si para sair vitorioso.
“Eu ainda não sei quem vai estar lá, quem eu vou enfrentar, são sempre lutas muito difíceis porque tem gente do mundo todo, então você não conhece os adversários é um pouco difícil. Tenho certeza que lá também eu vou dar o meu melhor, quem chegar lá vou estar preparado treinando sempre forte e fazer o melhor”, finalizou o paratleta, que vem recebendo apoio da Sudesb para viajar e poder competir fora do Brasil.
Sonho e objetivo maior
Além de atleta do paradesporto, Aldemare também é formado em psicologia, onde já atuou como psicólogo da Federação Brasileira do Parajiu-Jitsu, e atualmente divide a vida esportiva com o trabalho de coordenador do paradesporto do estado da Bahia, pela Sudesb, sendo o principal responsável pelo parajiu-jitsu da Bahia.
Totalmente apaixonado pela vida e pelo esporte, o lutador compartilha de alguns objetivos centrais em sua trajetória, que é o de “ressignificar e ajudar a vida de outras pessoas através do esporte”.
“Profissionalmente, o meu maior sonho é que eu consiga ampliar o paradesporto de uma maneira que traga uma visibilidade melhor e trazer um retorno, trazer mais incentivo, mais apoio para a modalidade, principalmente do jiu-jitsu, de conseguir trazer visibilidade, apoio e mais retorno. Esse é o meu maior objetivo, ver o paradesporto, o parajiu-jitsu em específico em maior evidência dentro do estado”, ressaltou.