
Além de ser um dos maiores nomes do rock nacional, Lobão também se consagrou como uma figura ativa no campo político. Sempre com opiniões fortes, o músico nunca teve medo de defender o que acreditava certo. Tendo apoiado o PT e, posteriormente, Bolsonaro, o artista coleciona críticos de ambos os espectros políticos. Hoje em dia, Lobão se considera alguém sem lado político e adota uma postura crítica tanto para a direita, quanto para a esquerda.
O músico e escritor, que retorna a Salvador nesta sexta-feira (11) com o show 50 Anos de Vida Bandida, às 19h, na Concha Acústica do TCA, explica que suas posições políticas no passado não foram por simpatizar com os candidatos. Lobão argumenta que achou importante dar uma chance para ambos os lados da moeda.
Nunca fui simpatizante do Lula e nem de Bolsonaro. Eu os apoiei sem simpatizar nem um pouco. Eu achava que não só o PT, como o povo brasileiro, historicamente mereceria a experiência de ter o PT no poder. O que aconteceu com a direita foi a mesma coisa. Eu percebi que tinha alguns intelectuais na direita que eram caras interessantes, que poderiam ter alguma coisa interessante”
Lobão em entrevista ao MASSA!
Apesar de alguns acreditarem que ele teria se “arrependido” de suas escolhas, o cantor defende que não. “A direita me perseguiu a minha vida inteira, mas eu achei que era pertinente dar uma outra chance histórica, assim como dei para o PT, sem ter esse medo de ser taxado como reacionário, bolsonarista ou lulista. As pessoas acham que eu me arrependi, eu não me arrependi de nada, eu fiz o que era certo, tanto em apoiar um partido que eu nunca concordei, como o PT, quanto apoiar uma vertente que eu jamais concordei, que é a direita”, apontou.
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Se autodefinindo como alguém sem lado, o compositor explica que enxerga as ideologias como algo que limita as pessoas. Segundo ele, para se encaixar dentro desses rótulos, a pessoa precisa se “mutilar ontologicamente”. “Eu percebi que a ideologia de direita e esquerda são coisas que encolhem você como ser, você é reduzido, porque é obvio que você quando nasce é muito maior do que uma ideologia, uma doutrina, uma cartilha”, acrescentou.
Chega de polarização
Lobão aconselhou que os brasileiros também não se prendam aos rótulos de direita ou esquerda. Em suas próprias palavras, qualquer tipo de “engavetamento é um reducionismo”. “Assim como eu tomei drogas muito pesadas, experimentei tudo o que você pode imaginar em termos de drogas, eu também experimentei tudo o que você pode imaginar em termos de drogas na política. Posso falar de cadeira, porque conheci todos os lados, que nenhum presta e não vale a pena seguir nenhum”, garantiu.
O cantor se mostrou bem pessimista sobre o futuro político do país. Para ele, o grande problema do Brasil é a forma como a população apenas aceita as coisas. “Enquanto a gente tiver essa permissividade, o Brasil não tem jeito. Não adianta quem estiver no poder, porque você só vai ter alguém querendo fechar com economias externas. Não adianta ter a direita e a esquerda, porque você tem ali emissários de negócios de outros países”, analisou.