O desabamento de uma laje no bairro da Mata Escura, em Salvador, tirou a vida de três pessoas, incluindo um padre, e deixou oito feridos. A tragédia aconteceu na noite de sábado (8) e causou uma dor imensurável aos familiares das vítimas e aos sobreviventes, que passaram por momentos de desespero enquanto estavam presos nos escombros do imóvel.
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Para Carolina Freitas, de 48 anos, ter escapado com vida do desabamento foi o mesmo que “nascer de novo”. Em entrevista ao Portal MASSA!, a sobrevivente deu detalhes do acidente e contou que sofreu ferimentos em um dedo da mão e nas pernas, precisando tomar pontos no hospital.
Carolina é moradora antiga de um prédio próximo ao imóvel que desabou, ao ponto da entrada para o seu apartamento ser pelo mesmo local que os moradores do edifício afetado. Ela era cunhada de Darcy Anunciação, uma das vítimas que faleceu, e havia sido chamada para participar da confraternização da Primeira Eucaristia da sobrinha do padre Carlos Augusto da Cruz Silva.
No total, havia 16 convidados na celebração, sendo que dois deles não se acidentaram porque estavam afastados da varanda. Carolina e outras quatro pessoas caíram na marquise do primeiro andar, o que reduziu o impacto da queda e aumentou as chances de sobrevivência. As outras nove pessoas que estavam na laje despencaram do segundo andar no chão da rua.
“Tinham 16 pessoas, só que duas não caíram porque estavam mais recuadas. Aí eu só vi inclinando para fora e caindo, foi muito rápido. E eu só consegui cair no primeiro andar porque eu estava no meio. As pessoas que estavam no meio da varanda conseguiram parar no primeiro andar, porque justamente ela partiu no meio, e quem estava nas laterais caiu”, relatou.
Eu pensei que eu ia morrer mesmo
O desespero da moradora aumentou quando conseguiu olhar para baixo e viu a cena da tragédia: “Eu via meu marido, meu filho, minha cunhada mesmo, Darcy, que faleceu… Eu via bem mesmo lá no chão e é horrível. E eu só agradeço, agradeço muito, porque Deus me deu essa oportunidade”.
Famílias sofrem com a tragédia
Amilton da Anunciação Oliveira, de 63 anos, relembrou os minutos de terror que seus familiares enfrentaram quando tudo aconteceu. "Algumas pessoas ficaram enganchadas, no caso da minha cunhada, ela ficou enganchada. A minha irmã caiu e foi direto ao chão. Deram socorro, tentaram dar socorro a ela, mas ela não sobreviveu. O padre morreu logo e a outra senhora, que era amiga do padre, também", lamentou.
Ele é irmão de Darcy Anunciação e falou em nome da família sobre a pessoa maravilhosa que era: "A minha irmã era tudo para a gente. A minha irmã cuidou da gente quando minha mãe faleceu, ela morava no Rio de Janeiro e veio para aqui para tomar conta da gente. Então eu não tenho o que falar, só das coisas boas, de tudo o que a gente aprendeu com ela. Hoje nós somos homens, casados, todos nós temos família, e ela sempre deu apoio a gente no que precisasse".
Sentimento de saudade e falta, a gente vai sentir muita saudade dela. A gente perdeu mesmo, ela era como se fosse a nossa mãe
Emocionado, Amilton relatou que sua irmã era coordenadora da Igreja de Santo Antônio, que faz parte da Paróquia de Perpétuo Socorro, e vivia para ajudar o próximo. Ela fazia parte de um grupo da igreja que fazia festas e eventos religiosos, além de estar planejando uma rifa para o fim de ano.
Darcy Anunciação montou um balaio de prêmios para rifar em prol da igreja, ao lado de outras duas amigas da paróquia e as inscrições iriam começar no dia 25 deste mês, mas acabou partindo sem conseguir concluir o sorteio que planejou com muito carinho.
Próximos passos
Devido ao acidente, engenheiros e trabalhadores da Sedur e da Defesa Civil de Salvador (Codesal) estiveram presentes na Rua da União para avaliar o cenário dos destroços. A marquise onde as vítimas despencaram já foi demolida e os trabalhos não param por aí.
Segundo apurações feitas pela reportagem do Portal MASSA!, que esteve presente no local durante esta segunda-feira (10), a laje do primeiro andar também será destruída. Contudo, o restante do prédio não foi condenado e seguirá intacto.
Assista:
Ainda conforme informações colhidas pelo MASSA!, a estrutura do segundo andar foi erguida de forma irregular, sem a sustentação necessária para comportar muito peso. Por conta do número de pessoas ao mesmo tempo no local, e do peso exercido sob a construção, ela cedeu.
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