
O ferry-boat Juracy Magalhães, aquele veterano que por mais de 45 anos fez a travessia Salvador-Itaparica, após sua 'aposentadoria', ganhou um novo destino nesta sexta-feira (21): o fundo do mar. Agora, mais especificamente a 30 metros de profundidade e três quilômetros da costa do Rio Vermelho, em Salvador.
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Mas calma, não é qualquer afundamento, o negócio é organizado e cheio de cuidados para transformar o navio em recife artificial e turbinar o turismo de mergulho. Segundo Marcelo Peres, biólogo do Inema, o processo é minucioso.
Primeiro, rolam estudos sobre o local, para garantir que não há risco para a biodiversidade e que o lugar é o ideal para receber um novo recife artificial. Depois, a embarcação passa por inspeções rigorosas. Foram quatro inspeções, todas com a Marinha acompanhando de perto.
Tiramos tudo que pudesse virar lixo no fundo do mar: óleo, madeira, vidro e até espécies invasoras como o coral-sol
A área passa a ser monitorada continuamente. Se algo sair do controle, medidas são tomadas na hora. E não é só isso: o projeto ainda inclui a recuperação de recifes naturais próximos, como forma de compensação ambiental.
O secretário Maurício Bacelar ainda detalha que a Marinha fica 'de olho' em tudo: "O navio, antes de ser afundado, passa por uma despoluição. Depois, ele é vistoriado pelos órgãos ambientais que nos autorizam a fazer o afundamento. Também, todo este processo é acompanhado pela Marinha do Brasil."
Para ele, além de ajudar a vida marinha, o afundamento planejado é um presente para o turismo e para a cultura. "Se não fosse afundado, o ferry viraria ferro-velho. Agora, ele vira um museu subverso, guarda a memória de um determinado período da navegação e ainda vira atração para mergulhadores", comenta.