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Tecnologia - 24/03/2025, 08:00 - Amanda Souza

Inteligência artificial nas escolas: está na hora de ensinar a usar essa ferramenta?

Com o ChatGPT cada vez mais na 'moda', professores debatem como a ferramenta deve ser usada na educação

Debate sobre inserir a ferramenta nas escolas é interessante
Debate sobre inserir a ferramenta nas escolas é interessante |  Foto: Denisse Salazar / Ag. A Tarde

A introdução da Inteligência Artificial (IA) na educação tem sido um tema crescente nos últimos anos, trazendo consigo tanto oportunidades quanto desafios. Ferramentas como o ChatGPT ganharam popularidade por facilitar processos mecânicos, e a verdade é que agora todo mundo quer usar.

Educadores, gestores e especialistas discutem como essa tecnologia pode aprimorar a experiência escolar, facilitar a gestão e promover uma aprendizagem personalizada. Contudo, é preciso refletir sobre como equilibrar o uso dessas ferramentas com o necessário papel humano no processo educativo.

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O MASSA! saiu nas ruas em busca de entender como (e quando) os estudantes podem lidar com essa ferramenta tão poderosa. Para Clessia Lobo, superintendente executiva de Educação e Cultura do SESI Bahia, o proposição mais assertiva do momento é aliar a ferramenta à gestão escolar.

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A IA facilita a correção de redações, por exemplo, gerando relatórios que permitem que o professor faça a correção de forma mais ágil.

Clessia Lobo

Para ela, a grande vantagem está na economia de tempo, permitindo que os educadores possam dedicar mais atenção ao processo pedagógico e ao relacionamento com os alunos, sem perder a qualidade do ensino. "O nosso foco é fazer com que o professor ganhe tempo, criando dados e relatórios para entender como está o desempenho dos alunos", completa Clessia.

Na foto, Clessia Lobo
Na foto, Clessia Lobo | Foto: Denisse Salazar / Ag. A Tarde

Quando o assunto é o uso da ferramenta pelos estudantes, ela também alerta para o desafio ético que surge: "Eles podem se apropriar de maneira que atrapalhe a autoria da produção científica. Quem fez o trabalho? O aluno ou a IA? Precisamos entender as consequências e limitações desse uso", pondera, referindo-se à questão da autoria no contexto educacional.

No momento, esse é o grande desafio do uso da Inteligência Artificial nas escolas, o que é reconhecido pelos próprios alunos. Ramon Pires é estudante do 3º ano do Ensino Médio da Escola SESI Djalma Pessoa; em paralelo, ele cursa Tecnologia da Informação no SENAI CIMATEC.

"No curso de tecnologia de informação nós lidamos muito com códigos, algo que é bem difícil pra muitos alunos. Muitos pedem que a IA faça o código pra eles, e dá certo! Mas, a longo prazo, vai ter mais bônus ou ônus? Por isso que é pra ser uma ferramenta de apoio para que possamos desenvolver melhor as nossas tarefas", reflete.

Na foto, o estudante Ramon Pires
Na foto, o estudante Ramon Pires | Foto: Denisse Salazar / Ag. A Tarde

Para o estudante, é fundamental que as pessoas comecem a aprender a usar a ferramenta. "Uma disciplina voltada para isso seria importante. Muitas pessoas usam a IA, mas poucas sabem usar da forma correta. Isso vai além de não usar como algo negativo, mas saber usar a ferramenta, saber fazer ela agir e te dar o que você quer", pontua.

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Cabe a nós saber utilizar para que ela seja ainda mais importante no processo de aprendizagem.

Ramon Pires, estudante do ensino médio


Aprendendo e aplicando na prática

Ramon quer colocar em prática justamente o que pensa em relação ao uso da IA: fazer com que ela funcione como ferramenta de apoio no ambiente escolar, compartilhando de uma visão similar. Por isso, ele menciona um projeto que está desenvolvendo na escola, no qual a IA analisa as entregas dos alunos, fornece dados sobre seu desempenho e até mesmo aponta eventuais deficiências.

"A IA pode ajudar professores a gerir tarefas e avaliar alunos de maneira mais eficiente, poupando tempo e dando suporte à gestão escolar", explica.

Afinal, como essa tal de IA é funciona?

O professor Sanval Hebert, coordenador do curso de Ciências de Dados e Inteligência Artificial do SENAI CIMATEC, reforça a ideia de que vivemos uma revolução digital que pode transformar profundamente o setor educacional.

"A IA é feita para trabalhar com dados e tomar decisões estratégicas, e na educação, isso pode permitir uma aprendizagem personalizada, onde cada aluno recebe o tipo de atenção que precisa", afirma.

Na foto, o professor Sanval Hebert
Na foto, o professor Sanval Hebert | Foto: Denisse Salazar / Ag. A Tarde

Ele acredita que a integração da IA no sistema educacional é inevitável, comparando com o que já acontece em países como a China, onde a tecnologia está sendo aplicada de maneira ampla nas escolas.

"Imagine um estudante poder desenvolver um modelo de IA para estudar aquilo que ele tem dificuldade. Nós somos de uma época de ir estudar em biblioteca, hoje a gente tem os livros digitais e livros que interagem com o leitor, virando um ambiente de discussão com o uso de IA. Imagine poder debater o texto com o autor via inteligência artificial? Já está posto", disse.

O que ele aponta, na verdade, é que isso não é mais o futuro, e sim o presente, e fazer o uso dela de maneira inteligente e ética vai abrir espaço para novas coisas. "Precisamos usar IA para tudo, para todos os setores, para transformar de maneira significativa todos os processos que são mecânicos hoje", comenta.

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Quando a gente deixa de ocupar tempo com o que é mecânico, sobra espaço pra criar, inovar e pensar diferente.

Sanval Hebert, professor

A discussão sobre a inserção da IA na educação é, portanto, multifacetada. A tecnologia tem o potencial de transformar a gestão e a personalização do ensino, mas sua implementação deve ser feita com cautela, para que o papel do educador e as relações humanas continuem sendo o alicerce do processo de aprendizagem.

Ao mesmo tempo, a capacitação dos alunos para o uso adequado dessas ferramentas se torna cada vez mais crucial, preparando-os para um futuro onde a inteligência artificial será cada vez mais presente em todos os aspectos da sociedade. "Precisamos saber usar tantos dados disponíveis sobre o nosso dia a dia a nosso favor", considera o professor.

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