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Novos hábitos - 20/03/2025, 07:10 - Amanda Souza

Dois meses sem celular nas escolas: educadora e aluno detalham nova realidade

Medida tem impacto no convívio social, aprendizado e até na saúde mental dos estudantes

Celulares estão proibidos dentro da escola
Celulares estão proibidos dentro da escola |  Foto: Denisse Salazar / Ag. A Tarde

Para a geração que cresceu conectada, com telas ao alcance das mãos desde a infância, ficar longe do celular pode ser um desafio. A dependência dos dispositivos já é uma realidade reconhecida por especialistas, que apontam efeitos negativos no aprendizado, na atenção e na saúde mental dos jovens.

Diante desse cenário, entrou em vigor, em fevereiro deste ano, a Lei nº 15.100/2025, que restringe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas do país. A medida, que surgiu após intensos debates sobre o tema, determina que os aparelhos não devem ser usados dentro da escola - mesmo durante o intervalo.

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Quase dois meses depois do início do ano letivo, a adaptação ainda é um processo em andamento. Para muitos alunos, a restrição representou um susto inicial – afinal, o celular era mais do que um simples acessório, mas uma extensão do próprio cotidiano.

Nas escolas, o silêncio das telas foi substituído por novas interações, mas também trouxe desafios, como crises de ansiedade e tentativas de burlar as regras. Já os professores relatam que a mudança trouxe um impacto positivo na concentração e no aprendizado.

O que diz quem está vivendo esse processo?

Para Clessia Lobo, superintendente executiva de Educação e Cultura do SESI Bahia, a necessidade de limitar o uso dos celulares nas escolas já era perceptível há algum tempo, já que os professores disputavam a atenção dos estudantes com o aparelho, e boa parte do tempo de aula era perdido quando o professor precisava mediar esse uso.

A mudança, no entanto, exigiu ajustes por parte das escolas da rede, que precisaram reforçar o apoio psicológico aos alunos. Segundo a profissional, alguns estudantes apresentaram quadros de ansiedade extrema e irritação devido à ausência do celular.

Aspas

O que precisamos foi trazer ainda mais psicólogos e psicopedagogos para acolher e compreender esses alunos

Clessia Lobo

Apesar dos desafios, ela garante que a adaptação tem sido positiva: alunos têm interagido mais entre si durante o intervalo das aulas, brincando de jogos de cartas e até resgatando atividades como jogos de cartas e bambolês.

Brincadeiras de cartas agora fazem parte da rotina dos estudantes
Brincadeiras de cartas agora fazem parte da rotina dos estudantes | Foto: Denisse Salazar / Ag. A Tarde

Ramon Pires, 18, estudante do 3º ano do SESI Djalma Pessoa, conta que, no início, a mudança foi um choque, mas trouxe benefícios. “Muita gente ainda tem resistência, tenta burlar, mas percebo um envolvimento maior dos alunos uns com os outros”, relata.

Aspas

No primeiro momento foi um susto não ter mais o celular, mas agora vejo que tem mais vantagens do que desvantagens.

Ramon Pires, estudante do ensino médio
Na foto, Ramon Pires e Clessia Lobo
Na foto, Ramon Pires e Clessia Lobo | Foto: Denisse Salazar / Ag. A Tarde

Além disso, Ramon destaca que a restrição na escola impactou também o fez descobrir novas habilidades. “Uma coisa que eu aprendi foi a jogar xadrez. Nunca tive contato e agora estou me divertindo com isso", cita.

Solução de um lado, problema do outro

A nova realidade também exige atenção para o aumento dos conflitos entre alunos. Clessia Lobo explica que, com mais interações presenciais, crescem as chances de desentendimentos e de bullying, o que exige muita atenção.

“Quanto mais relacionamentos próximos, maior a possibilidade de conflitos. Estamos observando isso e ampliando auxiliares de disciplina, psicopedagogos e monitoramento por câmeras para lidar com essas situações”, pontua.

De maneira prática, como funciona?

A implementação da restrição varia de acordo com cada instituição, mas no SESI Bahia, por exemplo, os celulares devem permanecer desligados e guardados na mochila durante todo o período de aula. Caso o estudante descumpra a regra, o aparelho é confiscado e guardado em uma caixa identificada na sala de aula. Se houver reincidência, o celular só é devolvido à família.

Caixa fica trancada para a segurança dos aparelhos
Caixa fica trancada para a segurança dos aparelhos | Foto: Denisse Salazar / Ag. A Tarde

Apesar dos desafios, educadores e estudantes avaliam a medida como positiva, destacando que a redução do tempo de tela trouxe ganhos no aprendizado, na concentração e no convívio social. A tendência agora é que as escolas sigam ajustando estratégias para garantir que a tecnologia continue sendo uma aliada no ensino, sem comprometer o desenvolvimento saudável dos jovens.

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