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Bom ou ruim? - 17/02/2025, 07:00 - Yan Inácio

Nada de celular: nova regra muda rotina dos alunos de escolas em Salvador

Confira como a nova lei tem mudado o cotidiano dos estudantes

Estudantes realizam atividade pedagógica com uso do celular
Estudantes realizam atividade pedagógica com uso do celular |  Foto: José Simões / Ag A TARDE

Com o retorno das aulas em Salvador, uma nova regra tem impactado a rotina dos estudantes da rede pública e privada: a proibição do uso de celulares durante as aulas, intervalos e recreios. A medida entrou em vigor em 13 de janeiro e já vale para o ano letivo de 2025.

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O objetivo é proteger a saúde mental e física de crianças e adolescentes, principais usuários desses dispositivos. Há exceções para emergências, alunos com necessidades especiais e práticas pedagógicas sob orientações dos professores.

Entre as orientações presentes nos guias lançados pelo Ministério da Educação (MEC), os colégios devem informar pais e alunos sobre a vigência das proibições e capacitar professores para que eles possam orientar as crianças sobre o uso responsável das tecnologias.

Adolescentes do Colégio Estadual Polivalente de Amaralina realizam atividade
Adolescentes do Colégio Estadual Polivalente de Amaralina realizam atividade | Foto: José Simões / Ag A TARDE

Apesar da restrição, não há punições impostas pelo governo federal, pois segundo o documento, a medida se trata apenas de uma nova conduta escolar e não uma ordem restritiva. Portanto, as escolas têm autonomia para decidir como impedirão o uso dos aparelhos pelos alunos.

Como as escolas estão retendo o celular?

Nesse momento inicial, as instituições de ensino ainda estão elaborando estratégias de conscientização para informar pais e alunos sobre o funcionamento da lei. No Colégio Vitória Régia, no Cabula, que começou as aulas no dia 27 de janeiro, a orientação é que os estudantes mantenham os celulares na mochila.

"A maioria dos alunos e famílias internalizou, porém, nós temos ainda um grupo pequeno de alunos com resistência, porque a lei fala de deixar na mochila, e alguns alunos insistem em deixar na cintura, escondido", conta Débora Bove, diretora do colégio.

Débora Bove, diretora do Colégio Vitória Régia
Débora Bove, diretora do Colégio Vitória Régia | Foto: Divulgação

Débora descreve esse período de ajuste como um verdadeiro "desmame tecnológico". A escola já proibia o uso nas salas de aula, mas a ideia é que passe a reter os celulares também no recreio a partir de março. Dentre as estratégias, ela revelou que a escola planeja utilizar armários físicos ou organizadores com a identificação de cada aluno dentro da sala de aula.

Já no Colégio Estadual Polivalente de Amaralina, onde o ano letivo começou na última segunda-feira (10), a proposta inicial é conscientizar os alunos sobre o que diz a nova medida e os prejuízos que o uso do celular pode causar durante o aprendizado, com o intuito de dar uma maior autonomia a eles, sem "tomar" os aparelhos coercitivamente.

Maria Conceição Ferreira, diretora do Colégio Estadual Polivalente de Amaralina
Maria Conceição Ferreira, diretora do Colégio Estadual Polivalente de Amaralina | Foto: José Simões / Ag A TARDE

"Sabemos que nem todos os jovens têm esse acompanhamento com a família, explicando em casa. A gente sabe que é difícil, mas não é impossível. É um trabalho de formiguinha mesmo", explica a diretora Maria Conceição Ferreira. Mesmo com as dificuldades, ela destaca que alguns alunos acataram bem a nova conduta.

"Esses estudantes já começam a perceber: 'poxa, meu colega não está usando o celular, eu também não vou usar'. E começam a interagir mais uns com os outros, conversar, ter muitas atividades dinâmicas e tudo mais", diz.

Como os alunos sentem as mudanças?

"Acho que não é justo essa proibição de celulares", opina Ana Sofia Ferreira, de 15 anos, que está segundo ano do ensino médio no Colégio Polivalente de Amaralina.

A principal reclamação da estudante é em relação ao contato com os pais. "Porque se acontece algo na escola, principalmente instituições públicas, o que a gente vai fazer? Como que a gente vai avisar?", questiona.

Alunas do Colégio Estadual Polivalente de Amaralina jogam cartas
Alunas do Colégio Estadual Polivalente de Amaralina jogam cartas | Foto: José Simões / Ag A TARDE

Apesar da preocupação, a adolescente confessa que o celular pode ser um ponto de distração durante as aulas, mas destaca que o aparelho funciona como um "refúgio" para ela.

Quando passou por um período de "castigo" dos pais e ficou sem celular, ela disse que conseguiu ler mais, mas ainda assim sofreu. "Eu li mais de sete livros, mas ao mesmo tempo foi meio porque eu ficava inquieta, ficava nervosa e sentia falta do celular", descreve.

A medida parece ter uma aderência maior entre os mais pequenos. Heitor França, de 13 anos, que estuda o oitavo ano na Escola Municipal Professora Angelina Rodrigues do Nascimento, onde os celulares são proibidos desde o ano passado, se mostra mais contente com a regra.

Alunos do Colégio Vitória Régia em atividade
Alunos do Colégio Vitória Régia em atividade | Foto: Divulgação

Ele também se preocupa com a comunicação com os pais, mas concorda que o celular é uma distração que atrapalha o aprendizado. "Eu acho também que não é muito preciso celular, porque acaba acabando com a concentração dos alunos na escola", conta.

E os alunos com necessidades especiais?

Um ponto importante da nova regra é a exceção para crianças e adolescentes com necessidades especiais. Nas duas instituições entrevistadas, há suporte especializado para alunos que necessitam de acompanhamento.

No Colégio Vitória Régia, alguns acompanhantes auxiliam os alunos na sala de aula. Quando necessário para atividades específicas, os professores podem autorizar o uso da tecnologia digital.

Na escola estadual, o programa Educar Mais disponibiliza psicólogos para apoiar os alunos PCDs. Em situações de emergência, eles têm permissão para utilizar o celular.

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