A Concha Acústica do Teatro Castro Alves ficou pintada com as cores vibrantes e ancestrais do Ilê Aiyê, nesta sexta-feira (1º). Na data que marca os 50 anos da fundação deste que é o primeiro bloco afro do Brasil, a festa foi celebrada em grande estilo, com muita música, dança e, sobretudo, por um forte chamado à igualdade racial.
Para bater os parabéns para o Ilê, passaram pelo palco do TCA grandes nomes da música baiana como Daniela Mercury, Carlinhos Brown, BaianaSystem, Orquestra Afrosinfônica, Beto Jamaica, Aloísio Menezes, Amanda Maria e Matilde Charles.
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Em meio à celebração, o músico Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, lembrou a luta histórica do bloco e a busca por um futuro mais justo e igualitário. "A gente quer liberdade, igualdade, principalmente igualdade, é isso o que falta, um tratamento igualitário", afirmou, denunciando o racismo ainda presente em Salvador, uma cidade majoritariamente negra.
O líder do Ilê Aiyê questionou a autoproclamação de Salvador como "capital afro, terra do axé, a Roma negra". "Não adianta reconhecer que é uma cidade negra, se o negro sempre é vilão até provar que não negou. Sempre o negro em segundo plano", lamentou.
Um marco histórico
Os 50 anos do Ilê Aiyê representam um marco histórico na luta pela valorização da cultura afro-brasileira e pela igualdade racial. O bloco, que nasceu na periferia de Salvador, tornou-se um símbolo de resistência e orgulho negro, inspirando gerações de artistas e ativistas.
Conhecida fã da agremiação e voz do sucesso “Ilê Pérola Negra”, que interpretou no show comemorativo, Daniela Mercury se emocionou ao falar do bloco, ao qual diz “morar no seu coração".
“Toda vez que eu canto com o Ilê, eu saio mais abençoada, mais fortalecida, porque essa força deles, essa beleza deles, realmente me faz chorar aqui, como eles fazem todo mundo chorar na Avenida. Então, eu estou muito agradecida de poder seguir neste caminho de vida com eles”.