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Passado obscuro - 30/10/2025, 07:17 - Da Redação

Estacionamento no cemitério de escravizados toma ‘block’

Preservação de achados arqueológicos fechou área da Pupileira

Iphan identificou cemitério histórico no centro de Salvador
Iphan identificou cemitério histórico no centro de Salvador |  Foto: Ilustrativa/Divulgação/Iphan

O que por anos serviu de estacionamento no centro de Salvador , na área da Pupileira, era na verdade um cemitério que abrigou os corpos de mais de 100 mil pessoas escravizadas. A informação veio à tona após uma pesquisa de doutorado desenvolvida pela arquiteta Silvana Olivieri, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que acabou levando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a interditar o espaço nesta quarta-feira (29).

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O local, que pertence à Santa Casa de Misericórdia, foi identificado depois que a pesquisadora comparou mapas do século 18 com imagens de satélite atuais. As escavações começaram em 14 de maio e revelaram, já nos primeiros dias, fragmentos de porcelana e ossadas humanas do século 19. Mesmo com os achados, o espaço continuou usado como estacionamento até agora.

Desocupação imediata

Na decisão, o Iphan determinou a interdição total da área e a desocupação dos veículos, para evitar danos às camadas do solo e aos vestígios arqueológicos. O órgão destacou que, ao circular no local, os carros acabavam pressionando o aterro, o que fragmentava os restos mortais encontrados.

Imagem ilustrativa da imagem Estacionamento no cemitério de escravizados toma ‘block’
Foto: Divulgação

O relatório técnico apresentado no dia 21 de outubro foi decisivo. O documento foi elaborado por arqueólogos e apresentado em uma reunião com representantes do Ministério Público da Bahia (MP-BA), da Fundação Gregório de Matos (FGM), do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e do próprio Iphan.

De acordo com a legislação — Constituição Federal de 1988 e Lei nº 3.924/1961 —, os sítios arqueológicos são bens protegidos e não podem ser destruídos, explorados ou modificados. O objetivo agora é garantir a preservação da área e avaliar a criação de um centro de memória dedicado às vítimas da escravidão.

150 anos

As pesquisas mostram que o cemitério foi inicialmente administrado pela Câmara Municipal de Salvador e, depois, passou para o controle da Santa Casa, que operou o espaço por 150 anos, até 1844. A instituição só deixou de usar o local quando comprou o terreno onde hoje funciona o Cemitério Campo Santo, na Federação.

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