
Um passeio em família na tarde do último domingo (23) terminou de forma constrangedora para escritora e psicopedagoga especializada em letramento racial, Aline Lisbôa. A moça visitou um estabelecimento na região do Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, e saiu frustrada com o atendimento.
Segundo depoimento compartilhado em suas redes sociais, ela e seus parentes afirmam ter sido alvo de racismo e xenofobia por parte de um atendente e de uma mulher que dizia ser amiga dos donos. O lugar citado por ela é a Padoca do Carmo, uma das cafeterias mais famosas da região.
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Aline contou que tudo começou após ela e sua família terminarem de consumir e mudarem para outra mesa na área externa. Nesse momento, foram repreendidos por um dos atendentes. A mulher expressou que se sentiu expulsa e envergonhada com toda a situação.
"Nós [Aline e sua família] consumimos, bebemos café e, no momento de ir embora, sentamos em outra mesa no andar de cima, mas o atendente veio até nós e disse que, se a gente não fosse consumir mais nada, era para irmos embora, que ele precisava das mesas livres", explicou.
Mesmo após questionar o funcionário e destacar que tinha outras mesas vazias, ainda assim o rapaz persistiu.
Fomos postos para fora
exclamou
Ao deixarem o estabelecimento, Aline disse ter sido abordada por uma mulher gringa, que bradou. "Veio uma senhora de fora [estrangeira], intitulando-se amiga da dona. Sem saber o que tinha acontecido, disse que nós éramos exagerados e que Salvador tinha pessoas mal-educadas em todos os cantos".
Veja o relato completo:
Padoca do Carmo se pronuncia
Após o desabafo de Aline viralizar nas redes sociais, a Padoca do Carmo emitiu uma nota de pronunciamento, comunicando que entrou em contato com a vítima e o funcionário em questão foi demitido.
"Primeiramente, gostaríamos de pedir, publicamente, nossas mais sinceras desculpas à cliente Aline Lisboa e a sua família pela conduta do nosso, até então, funcionário. Salientamos que tal abordagem não condiz com a orientação que repassamos aos funcionários durante seus respectivos treinamentos de admissão, muito menos é compatível com a ética de trabalho da nossa empresa", iniciou o comunicado.
A empresa afirmou ainda que está em pauta a contratação de um treinamento em letramento racial da Griots para todos os funcionários, incluindo os temporários e aqueles que não fazem atendimento ao público.
"Infelizmente, sabemos que estamos todos submetidos à lógica do racismo estrutural no nosso país e que nada disso pode realmente garantir que novos episódios lamentáveis como esse voltem a ocorrer", disse.
