
O Centro Estadual de Referência às Pessoas com Doença Falciforme (CERPDF/Hemoba) promove, durante a segunda quinzena de outubro, uma série de atividades alusivas ao Dia Nacional de Luta pelos Direitos das Pessoas com Doença Falciforme, celebrado em 27 de outubro. A data tem o objetivo de alertar e informar a população sobre uma das doenças genéticas e hereditárias mais prevalentes no Brasil, especialmente na Bahia, estado que concentra o maior número de casos do país.
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As ações começaram na última quarta-feira (15), com o lançamento do Grupo Terapêutico Nutricional, voltado a pacientes com doença falciforme e úlceras de perna. A programação segue até o início de novembro, com atividades presenciais e virtuais que reúnem profissionais de saúde, pacientes e familiares.
No dia 22 de outubro, das 17h às 18h, será transmitido um episódio especial do podcast Café com Saúde, nos canais da Hemoba no YouTube e Instagram, com o tema “Doença Falciforme na Infância”. Já no dia 23, acontece o curso de capacitação “Cuidado Integral na Doença Falciforme: Multidisciplinaridade e Ações Práticas”, voltado para profissionais das unidades de saúde dos municípios de Abaré e Rodelas, em formato remoto.
Durante a última semana de outubro, o CERPDF realizará Salas de Espera, com rodas de conversa e orientações multiprofissionais. Os encontros acontecem sempre às 9h e às 14h30, com temas como: Direitos das Pessoas com Doença Falciforme, Enfermagem e Doença Falciforme e Psicologia e Cuidado Integral.
Encerrando a programação, no dia 8 de novembro, será realizado o 1º Simpósio Técnico em Doença Falciforme da Bahia, no Hotel Vila Galé, em Salvador, das 8h às 17h. O evento reunirá especialistas do ambulatório da Hemoba e parceiros da área da saúde para capacitação e atualização científica sobre o diagnóstico e o acompanhamento dos pacientes.
De acordo com o Ministério da Saúde, a Bahia apresenta a maior incidência de doença falciforme do Brasil, com cerca de 10 mil pessoas diagnosticadas. Em todo o país, aproximadamente 60 mil brasileiros convivem com a enfermidade. No estado, um a cada 650 nascidos vivos apresenta a doença, enquanto a média nacional é de um a cada mil.
O assessor de relações institucionais do CERPDF, Altair Lira, destacou que a organização da rede de atenção à saúde é o principal desafio enfrentado pelos pacientes.
“A Bahia possui casos registrados em 327 municípios, o que representa 78% das cidades do estado. É fundamental garantir o cuidado desde a Atenção Primária até a Atenção Especializada, reconhecendo também o impacto do racismo institucional na formação dos profissionais e no acesso ao tratamento”, afirmou.
Lira ressaltou ainda a importância da educação e da informação como ferramentas de combate ao preconceito e de fortalecimento das políticas públicas. “A sociedade tem papel essencial na disseminação do conhecimento e na defesa dos direitos das pessoas com doença falciforme. Precisamos abrir espaços de diálogo em escolas, igrejas, unidades de saúde e comunidades”, acrescentou.
A doença falciforme é uma condição genética e hereditária caracterizada pela alteração nas hemácias (glóbulos vermelhos), que assumem formato de foice, dificultando o transporte de oxigênio para órgãos como cérebro, pulmões e rins. Os principais sintomas são anemia crônica e crises dolorosas recorrentes. Embora seja mais frequente entre pessoas negras (pretas e pardas), também pode afetar indivíduos brancos.
Para o especialista, visibilizar o tema é fundamental para ampliar o diagnóstico precoce e garantir tratamento adequado. “O tratamento precoce e o acompanhamento correto reduzem significativamente as intercorrências e ampliam a expectativa de vida”, destacou Lira.
*Sob supervisão do editor Anderson Orrico