Com uma das maiores incidências de anemia falciforme no mundo, é importante que a rede pública de saúde baiana esteja preocupada em oferecer atendimento especializado em suas unidades, algo que já está acontecendo no Hospital Ortopédico da Bahia.
O novo setor de hematologia da unidade, gerida pelo Einstein, tem foco no atendimento multidisciplinar, visando prevenir complicações e garantir segurança em cirurgias, que é o foco da unidade.
A anemia falciforme, condição genética predominante na população afrodescendente, afeta 1 em cada 650 nascimentos no estado, conforme dados do Ministério da Saúde. O hospital busca atender essa população de forma personalizada, integrando a expertise de hematologistas para o diagnóstico precoce e intervenções específicas com o objetivo de evitar a necessidade de transfusões sanguíneas.
Andrea Mello, médica hematologista do Hospital Ortopédico, explicou como é a ação preventiva para tentar evitar a necessidade de transfusão de sangue em uma cirurgia. “São medidas para equalizar as taxas sanguíneas do paciente que vai para uma cirurgia, fazendo uma avaliação se há deficiência de ferro, de vitaminas, e tratamos para que ele chegue melhor ao centro cirúrgico”, explicou.
Respeito às convicções
Buscar maneiras de evitar transfusões sanguíneas também passa pelo respeito às convicções religiosas de grupos que não aceitam o procedimento, como as testemunhas de Jeová. Andrea apontou que, embora essas medidas terapêuticas sejam adotadas, nem sempre há tempo suficiente para que elas mudem o quadro do paciente e evitem a necessidad de transfusão, daí a importância da capacitação da equipe, que deve estar despida de preconceitos para lidar com esses pacientes.
“Cada paciente tem a sua autonomia, e se a pessoa está bem orientada sobre os riscos [de recusar a transfusão], temos que respeitar a decisão do paciente, acolhê-lo e fazer da melhor forma possível”, destacou.