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Saúde em pauta - 30/10/2024, 06:00 - Vitória Sacramento

Dia de luta por direitos marca conscientização sobre doença falciforme

Bahia tem 10 mil pacientes com a enfermidade

Palestra tratou sobre a doença
Palestra tratou sobre a doença |  Foto: Shirley Stolze/Ag A TARDE

Na manhã de desta terça-feira (29), o Centro de Referências às Pessoas com Doença Falciforme Rilza Valentim, em Salvador, promoveu uma série de palestras para marcar o Dia Nacional de Luta pelos Direitos das Pessoas com Doença Falciforme, celebrado em 27 de outubro.

Com foco na conscientização sobre a condição, a programação contou com apresentações do grupo de violinos Sinfonia da Alegria e abordou temas como o controle social e a importância do autocuidado. A ação faz parte de uma campanha que envolveu ainda a exposição fotográfica “Censo das Pessoas com Doença Falciforme”, exibida na Estação de Metrô da Lapa.

Entre as pessoas atendidas pelo Centro, está a história de Eliana Paula dos Santos, de 49 anos, moradora da cidade de Castro Alves. A cada oito dias, ela percorre quase seis horas de estrada, entre ida e volta, para receber atendimento especializado em Salvador, já que em sua cidade não há suporte adequado. “Há anos venho ao centro. Sou bem atendida aqui, mas o trajeto é longo e desgastante. Saio de casa de madrugada, enfrento a viagem e, na volta, tudo se repete. É difícil, mas necessário, porque lá onde moro não tem tratamento para mim”, relata Eliana, que convive com anemia falciforme desde os 20 anos.

Eliana Paula tem doença falciforme
Eliana Paula tem doença falciforme | Foto: Shirley Stolze/Ag A TARDE

Além dos desafios logísticos, Eliana enfrenta o preconceito. “As pessoas não entendem a doença e fazem comentários que machucam. Precisam buscar mais informação e ter respeito. A doença não é só minha, é de muitas pessoas. Esse preconceito é errado e abusivo”, desabafa. Mesmo com as dificuldades, ela procura manter uma vida normal, ajustando a dieta e o ritmo de atividades para conviver com a condição.

A doença falciforme é uma das enfermidades genéticas mais prevalentes na Bahia, com cerca de 10 mil pacientes, segundo o Ministério da Saúde. A cada 650 nascidos vivos no estado, um possui a condição, e entre 2017 e 2024, foram registrados mais de quatro mil casos. Embora Salvador concentre a principal rede de atendimento, pacientes do interior enfrentam maiores barreiras no acesso ao tratamento e dependem, muitas vezes, de viagens cansativas para receber cuidados médicos especializados.

Para Altair Lira, sanitarista e assessor do Centro de Referência, ampliar a capacitação dos profissionais de saúde sobre a doença é um passo essencial para garantir um atendimento mais inclusivo. “É uma condição crônica e degenerativa que afeta múltiplos órgãos, e nosso papel enquanto Estado é amenizar crises com tratamentos e suporte qualificado. Muitos profissionais saem da universidade sem conhecimento profundo sobre a doença, e é essencial que a rede de saúde, incluindo municípios, trabalhe em conjunto para atender esses pacientes,” concluiu Altair.

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