
Uma visita inusitada chamou a atenção dos moradores da Rua do Leblon, em Massaranduba, na Cidade Baixa, nesta sexta-feira (9): um leão-marinho foi filmado nadando nas águas turvas e poluídas da Baía de Todos-os-Santos que margeiam o bairro. Registros do animal fora da água também foram feitos por populares.
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É possível que este seja o mesmo animal marinho visto nadando no Rio Jaguaripe, na cidade de Nazaré, no Recôncavo baiano, na segunda-feira (5). Há informações de que, antes de ir para a Massaranduba, ele também tenha dado uma volta no Lobato, bairro do Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Ao Grupo A TARDE, o biólogo José Amorim declarou que acredita que o leão-marinho tenha vindo parar em águas baianas após pegar uma corrente ascendente. O destino dele seria o Rio Grande do Sul, no sul do país, e a Patagônia Argentina.
"Esses animais, esses grandes mamíferos marinhos, têm colônias reprodutivas no sul do Oceano Atlântico, eles migram para o continente para se alimentar. E nessa migração, cruzando o oceano, eles podem pegar uma corrente que traz eles para locais mais distantes da zona de migração habitual. São eventos esporádicos que acontecem, geralmente, todo ano. É um erro de navegação, por assim dizer, dos animais. Todo ano aparece um ou outro registro aqui no Nordeste, no sul da Bahia", explicou Amorim.
O biólogo esclareceu que, apesar de o leão-marinho habitar em regiões onde as águas são frias, ter vindo parar na Baía de Todos-os-Santos, onde a temperatura da água é mais aquecida, não traz nenhum risco à saúde dele.
"O que acontece é que ele pode ter um desgaste energético muito grande, que não é a zona habitual deles, zona de alimentação, e ele vai querer voltar para a zona natural dele. E esse retorno, por grandes dimensões oceânicas. Então, dando por conta da água, não, mas por conta do desgaste energético", afirmou.
"Obviamente, o que ele encontrar de alimentação - alguns moluscos, lagostas, o polvo -, se encontrar aqui, ele pode se alimentar. Mas por uma questão de necessidade, de fome. Ele está longe da sua casa, da sua água, da sua temperatura adequada, do seu ambiente de alimentação, então ele sofre. Mas são animais muito resistentes e geralmente eles encontram o caminho de volta para o sul do Brasil", complementou o profissional.
Interferência humana
Segundo José Amorim, nestes casos não cabe a interferência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), já que, por conta própria, o animal vai tentar seguir o caminho de volta ao seu habitat natural.
"O Ibama não precisa intervir, a não ser que o animal fique encalhado na praia ou entre em córregos, que tenha contato com humanos, com a população. Se o animal foi visto nadando, sem nenhum tipo de dano, se ele foi visto apenas na zona costeira, a recomendação é não tocar o animal, não fazer contenção, deixar ele retornar para o mar", concluiu.