As discussões acerca do uso do whey protein vem ganhando cada vez mais espaço, principalmente após uma série de marcas ser sinalizada como imprópria para consumo. O alerta dos órgãos fiscais deixou muitos ‘marombeiros’ com uma pulga atrás da orelha, inclusive fazendo com que o questionamento sobre o suplemento ser imprescindível na rotina de exercícios se tornasse um debate.
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Para esclarecer as dúvidas dos leitores, o Portal MASSA! conversou com a nutricionista esportiva Juliana Abreu, que fez questão de desconstruir ideias que, por algum tempo, eram tidas como verdades absolutas.
Para começar, a profissional explicou: “O whey nada mais é do que mais uma fonte de proteína que a gente tem disponível hoje. Ele vai ser um substituto do ovo, do frango, da carne, por exemplo. É uma opção para substituir essas fontes de proteína.”
A especialista em metabolismo e emagrecimento revelou que, diferentemente do que muito se pensa, o whey ou qualquer outra suplementação não são imprescindíveis para a realização ou bom desempenho em atividades físicas, apesar de serem ‘queridinhos’ pela comunidade fitness.
“Nenhum suplemento é imprescindível para nenhuma prática de atividade física. A suplementação nada mais é do que um extra que a gente pode ter. Então a gente tem suplementos, por exemplo, de vitamina D, ômega 3, que às vezes o paciente faz o exame e tá em falta no organismo; então a gente suplementa, ou seja, complementa aquilo ali para que ele volte para a homeostase normal do corpo”, afirmou.
“O whey protein vai funcionar da mesma forma: às vezes a gente tem um paciente que não consegue consumir nutricionalmente tudo que ele precisa durante o dia e a gente suplementa com whey para que ele tenha esse aporte proteico, para que ele consiga atingir nutricionalmente o que ele precisa durante o dia”, completou.
Fique ligado!
Apesar de ‘salvar’ muito, o whey protein não deve, de maneira alguma, ser consumido de maneira exagerada. Segundo a nutri Juliana Abreu, é importantíssimo que os alimentos naturais sejam priorizados nas dietas.
“Antigamente se dizia muito que o whey sempre seria consumido no pós-treino, mas não necessariamente. Ele é mais uma fonte proteica, então você pode consumir, por exemplo, no café da manhã para substituir o ovo porque você está na correria e não vai dar tempo de fazer. Ou pode ser um suplemento pra você ter na bolsa pra um momento que você vai passar muito tempo na rua e não vai ter tempo de parar pra comer, então você pode consumir a suplementação ali pra ‘segurar’ um pouquinho até chegar em casa”, disse, mas reforçou:
“Por mais que o whey seja uma opção, o legal é que esse paciente consiga consumir outros tipos de proteína durante o dia e não fique limitado só a consumir o whey. O interessante é que a gente consiga consumir as outras proteínas disponíveis, seja a proteína animal ou a proteína vegetal.”
“Outro cuidado que a gente também precisa ter é com relação a marcas e qualidade nutricional do produto. É importante sempre verificar se é uma marca de confiança, analisar a lista de ingredientes: para o produto ser whey protein, ele precisa ter um percentual maior de proteína, ele precisa começar com a lista de ingredientes listando a fonte proteica. Tem marcas que vendem o ‘whey’, mas o primeiro ingrediente listado é malto, que é um tipo de carboidrato. Então aquilo ali não é whey protein, vai ser um hipercalórico”, esclareceu.
Orientações essenciais
Durante o bate-papo com o MASSA!, a especialista orientou que, antes de tomar grandes decisões relacionadas à alimentação, principalmente relacionadas ao consumo de suplementação, é essencial que o paciente consulte a pessoa certa.
“O profissional da área precisa fazer o estudo alimentar desse paciente e entender se ele consome proteína ou se ele não consome, qual é a atividade física que ele faz e qual pode ser o melhor momento para incluir essa suplementação ali”, contou Juliana Abreu.
A recomendação também foi reiterada pelo Dr. Gabriel Almeida, médico especialista em protocolos multidisciplinares focados no tratamento da obesidade e reposição hormonal.
Ele atestou que, ao contrário do que vem se popularizando, a “área” ortomolecular não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, portanto não deve ser considerada como referência para o assunto.
“A orientação sobre o uso de whey deve ser realizada por profissionais devidamente qualificados, como médicos ou nutricionistas registrados, com base em ciência e evidências. Essa orientação é essencial para ajustar o consumo às necessidades individuais, avaliando intolerâncias alimentares, possíveis alergias e objetivos específicos”, falou.
O uso do whey sem uma análise cuidadosa pode trazer riscos ou resultados insatisfatórios, por isso a supervisão profissional é indispensável
Só dá pra ser marombeiro usando whey?
O médico colocou um ponto final em uma das maiores dúvidas dos leitores do Portal MASSA!, que diz respeito à performance em atletas que visam se profissionalizar ou tornar o hobby uma parada mais séria.
Contrariando a ideia formada na cabeça de muitos ‘marombas’, o Dr Gabriel atestou que é totalmente possível ser atleta de alta performance sem utilizar o whey protein.
“Para isso, é necessário um planejamento alimentar detalhado, com a ingestão adequada de proteínas de fontes naturais, como carnes magras, ovos, peixes, tofu e leguminosas, distribuídas ao longo do dia”, explicou.
O uso do whey deve ser sempre planejado, considerando objetivos pessoais e o acompanhamento de um profissional capacitado, garantindo segurança e resultados otimizados
“Outro ponto crucial é o timing das refeições, ou seja, o momento adequado para consumir proteínas, garantindo a recuperação muscular e o desempenho físico. Embora o whey seja prático e eficiente, ele não é indispensável para quem está disposto a seguir uma dieta bem planejada e consistente”, finalizou.