Sentir náuseas, tontura e suor frio durante viagens de carro, ônibus, avião ou navio é mais comum do que parece. Essa condição, conhecida como cinetose ou enjoo do movimento, ocorre quando há um conflito entre o que os olhos veem e o que o labirinto, órgão responsável pelo equilíbrio, percebe.
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A otorrinolaringologista Melina Marambaia, do corpo clínico do Inooa, explica que o problema aparece principalmente em trajetos com muitas curvas ou variações bruscas de movimento, como subidas, descidas e buracos nas vias.
Esses estímulos constantes geram uma sobrecarga no labirinto, que reage causando mal-estar, vertigem, suor frio, enjoos e até vômitos.
Melina Marambaia
Pesquisas apontam que o enjoo do movimento afeta uma grande parcela da população. Um estudo publicado na revista científica Frontiers in Neurology estima que a cinetose atinge de 35% a 43% das crianças e adolescentes, enquanto entre jovens adultos a taxa é de cerca de 25%. Em pessoas com mais de 60 anos, a prevalência cai para aproximadamente 7%, mas o problema ainda compromete o bem-estar.
Não é apenas um desconforto
No Brasil, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que 55,7% dos universitários entrevistados relataram sintomas de enjoo do movimento, e 12,6% afirmaram que o desconforto interfere em suas atividades diárias.
Outro levantamento, publicado na Revista Fisioterapia em Movimento da PUC Paraná, mostrou que 89,7% das crianças de 8 a 11 anos apresentaram suscetibilidade à cinetose, o que reforça a importância de atenção precoce ao problema.
Segundo a médica, crianças, idosos e mulheres tendem a ser mais afetados. “Nas crianças, o labirinto ainda está em desenvolvimento, o que as torna mais suscetíveis. Já os idosos podem ter reflexos mais lentos e alterações de visão. As mulheres, por sua vez, são influenciadas por variações hormonais”, explica.
Como fazer para evitar?
Para quem sofre com o desconforto no transporte público, a especialista recomenda sentar nos primeiros assentos do ônibus ou no banco da frente do carro, que sofrem menos movimento. Além disso:
➡️ Manter o olhar fixo no horizonte e evitar o uso de telas como celular e tablet durante o percurso;
➡️ Encostar a cabeça no assento para reduzir os movimentos; evitar bebidas alcoólicas e cafeinadas, que estimulam o labirinto; e fazer refeições leves antes de viajar.
A médica também alerta que o uso de medicamentos antieméticos (contra enjoo) só deve ser feito com orientação médica.
Carros elétricos provocam cinetose?
Com a popularização dos carros elétricos, outro fenômeno tem chamado atenção: o enjoo causado pela ausência de barulho e vibração do motor. De acordo com especialistas, o cérebro usa esses estímulos como referência de movimento. Quando eles desaparecem, o corpo continua em movimento, mas o sistema sensorial “se confunde”, o que aumenta as chances de tontura e náusea, especialmente em passageiros que estão olhando o celular.
O problema deve ser investigado quando o enjoo é frequente, impede a alimentação, vem acompanhado de vômitos persistentes ou dores de cabeça intensas. Nesses casos, é importante buscar um otorrinolaringologista ou um neurologista.
Precisa de atendimento? Saiba onde encontrar
Em Salvador, quem precisa de atendimento gratuito pode procurar o Ambulatório Docente Assistencial Deputado Isaac Marambaia, localizado no bairro de Ondina, que oferece consultas e exames especializados em otorrinolaringologia por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O espaço realiza avaliações, exames auditivos, tratamentos para distúrbios do equilíbrio e até procedimentos cirúrgicos eletivos, sem custo para a população. O agendamento pode ser feito pelo telefone (71) 3036-4884 ou diretamente no local, e o serviço é voltado especialmente a pessoas em situação de vulnerabilidade que necessitam de acompanhamento com especialista.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito para quem sofre de tonturas e enjoos constantes. O paciente pode procurar a unidade básica de saúde (UBS) mais próxima e solicitar uma avaliação com clínico geral. Se necessário, o médico fará o encaminhamento para um otorrinolaringologista ou neurologista pelo sistema de regulação.
*Sob a supervisão da editora Amanda Souza.
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