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Estudo - 24/10/2025, 08:00 - Silvânia Nascimento

Adolescência sob pressão: por que 1 em cada 7 jovens tem ansiedade?

Psiquiatra aponta quais são os fatores que contribuem para esse cenário

Pesquisa da OMS traz dados sobre saúde mental entre os jovens
Pesquisa da OMS traz dados sobre saúde mental entre os jovens |  Foto: Reprodução / Freepik

Uma pesquisa recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que, aproximadamente, 1 em cada 7 adolescentes no mundo apresenta algum transtorno mental, incluindo a ansiedade, um dos principais diagnósticos. Mas afinal, o que tem levado os jovens a ficarem mais ansiosos do que nunca?

Segundo o psiquiatra Thiago Lemos de Morais, vários fatores do dia a dia podem contribuir para isso, a exemplo do desempenho acadêmico, o uso excessivo das redes sociais e a falta de tempo de qualidade em família.

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“No âmbito acadêmico, observamos uma pressão elevada por notas altas e desempenho em vestibulares cada vez mais competitivos, combinada com uma sobrecarga de atividades extracurriculares que prometem diferenciação no currículo, mas frequentemente resultam em esgotamento. Essa pressão gera uma ansiedade antecipatória sobre o futuro profissional que pode ser paralisante", disse em entrevista ao MASSA!

Fatores digitais: ameaça das redes sociais e cyberbullying

O especialista alertou, também, para os fatores digitais, a exemplo das redes sociais que viraram vício e febre na sociedade, principalmente no público mais jovem.

A convivência com outros adolescentes pode ser um grande desafio para algumas pessoas
A convivência com outros adolescentes pode ser um grande desafio para algumas pessoas | Foto: Reprodução / Freepik

“Os fatores digitais representam uma nova categoria de estressores. O uso excessivo de redes sociais, com adolescentes passando em média 7 horas por dia conectados, cria um ambiente de comparação social constante e exposição a conteúdos inadequados", explica Thiago.

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O cyberbullying e o medo de ficar atrasado em relação aos colegas intensificam sentimentos de inadequação e exclusão.

Thiago Lemos, psiquiatra

Dinâmicas familiares e vulnerabilidade biológica

"No ambiente familiar, dinâmicas disfuncionais, expectativas parentais irreais e a falta de diálogo genuíno sobre questões emocionais contribuem significativamente para o desenvolvimento da ansiedade”, pontuou o psiquiatra.

“Não podemos esquecer dos fatores biológicos intrínsecos à adolescência. A predisposição genética, as alterações hormonais intensas da puberdade e o desenvolvimento ainda incompleto do córtex pré-frontal - área responsável pelo controle emocional e tomada de decisões - criam uma vulnerabilidade natural que, quando combinada com os fatores ambientais modernos, pode resultar em quadros ansiosos significativos”, completou o médico.

Idade crítica e início mais precoce dos sintomas

Ainda de acordo com Thiago Lemos, o pico de procura por ajuda profissional ocorre da faixa etária entre 14 e 17 anos.

Imagem ilustrativa da imagem Adolescência sob pressão: por que 1 em cada 7 jovens tem ansiedade?
Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

“No entanto, há uma tendência atual de início mais precoce de sintomas, com um aumento de crianças entre 9 e 12 anos apresentando sinais consistentes de ansiedade que requerem intervenção profissional”.

Sintomas da ansiedade em adolescentes

Questionado sobre os principais sintomas da ansiedade em adolescentes, o psiquiatra esclareceu que eles manifestam-se de forma complexa e multissistêmica, afetando tanto o corpo quanto a mente de maneiras que podem ser facilmente confundidas com outras condições ou com comportamentos típicos da idade.

“No aspecto físico, os jovens frequentemente apresentam palpitações e taquicardia, especialmente em situações de estresse social ou acadêmico, acompanhadas de falta de ar ou sensação de sufocamento que pode evoluir para ataques semelhantes a pânico”, alertou.

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Dores abdominais e náuseas são extremamente comuns, muitas vezes levando a consultas médicas que não identificam causas orgânicas.

Thiago Lemos
Dor abdominal é um dos sintomas físicos da ansiedade
Dor abdominal é um dos sintomas físicos da ansiedade | Foto: Reprodução / Freepik

O médico indicou outros sinais que não podem ser ignorados. “A tensão muscular, particularmente concentrada no pescoço e ombros, reflete o estado de alerta constante característico da ansiedade, enquanto distúrbios do sono - desde insônia até sono fragmentado - comprometem a recuperação física e emocional necessária para o desenvolvimento saudável. A fadiga crônica resultante cria um ciclo vicioso onde a exaustão reduz a capacidade de lidar com estressores, aumentando ainda mais a ansiedade”, explicou.

Prejuízos emocionais e comportamentais

O psicológico também apresenta sintomas emocionais que podem e estão associados à ansiedade. “No âmbito emocional e comportamental, observamos preocupação excessiva de pensamento catastrófico, onde situações cotidianas são percebidas como ameaças significativas".

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A irritabilidade e mudanças bruscas de humor tornam-se frequentes, impactando relacionamentos familiares e sociais.

Thiago Lemos
Sociabilidade também fica comprometida quando a ansiedade entra em cena
Sociabilidade também fica comprometida quando a ansiedade entra em cena | Foto: Reprodução / Freepik

"A dificuldade de concentração resulta em quedas de até 30% no rendimento escolar, criando um ciclo de preocupação adicional sobre performance acadêmica. O comportamento de evitação social e a procrastinação extrema são mecanismos de defesa que, paradoxalmente, intensificam a ansiedade a longo prazo”.

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