Manter uma rotina de exercícios físicos vai muito além de força de vontade ou frases motivacionais. Embora muitos iniciem o ano com metas ambiciosas para o chamado “projeto verão”, especialistas reforçam que a diferença real entre começar e continuar está em escolhas diárias consistentes. Dados do Panorama Setorial – 4ª edição (Fitness Brasil 2025) mostram que 49% dos alunos de academias treinam de quatro a cinco vezes por semana, revelando regularidade, enquanto entre usuários de aplicativos essa frequência cai para 36%, indicando menor constância.
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Para Carlos Tomaiolo, especialista em Fisiologia do Exercício pela USP e diretor de marketing da Academia Gaviões, consistência é algo construído. “Ela nasce de decisões pequenas, repetidas e inteligentes. Quanto menos a prática física depender do humor, mais ela acontece”, afirma. Segundo ele, a escolha do método de treino deve levar em conta o ritmo, as preferências e a identidade do praticante, evitando modismos que não se sustentam na rotina. Perfis mais introspectivos tendem a se adaptar melhor a treinos individuais, enquanto pessoas sociáveis costumam render mais em aulas coletivas. “Autoconhecimento é o ponto de partida”, reforça.
A evolução também não deve ser avaliada apenas pelo espelho. Tomaiolo explica que o corpo responde antes no desempenho, e não na aparência. Tempo de recuperação, estabilidade nos movimentos, melhora da postura, redução de dores e ganho de resistência são indicadores reais que ajudam a manter a motivação. “Resultado visual é consequência tardia. Quando você aprende a observar performance, percebe a transformação acontecendo de verdade”, destaca.
Em dias difíceis, o especialista recomenda o chamado “mínimo viável”: uma versão reduzida do treino, de 20 a 35 minutos, que pode incluir circuitos simples, mobilidade ou caminhada. A estratégia evita a quebra da rotina. “Muita gente abandona porque espera o cenário ideal. O mínimo viável impede que um dia ruim vire um mês parado”, explica. Além disso, trabalhar um único objetivo por vez, como perda de peso, ganho de massa ou aumento de força, reduz frustrações e ajuda na clareza do processo. “Quem tenta fazer tudo ao mesmo tempo se perde”, diz.
Tomaiolo ressalta ainda que as maiores desistências acontecem por barreiras práticas, e não por preguiça. Longos deslocamentos, horários incompatíveis, trânsito ou simplesmente a falta de uma roupa separada para treinar são fatores que acumulam atrito e dificultam a continuidade. “Quanto menos passos existirem entre você e o treino, mais vezes ele acontece”, afirma. Já o descanso, muitas vezes negligenciado, é parte essencial do processo. É no sono profundo que o músculo se reorganiza e o corpo adapta o esforço. “Muita gente treina muito e não vê resultado porque ignora a recuperação. Descanso é construção”, conclui.
*Sob supervisão do editor Anderson Orrico
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