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Saúde mental - 25/09/2025, 05:45 - Vitória Sacramento*

Racismo agrava sofrimento e eleva risco de suicídio entre negros

Homens de 15 a 29 anos figuram entre as maiores vítimas da violência e também do suicídio

Políticas afirmativas são fundamentais para reduzir ciclo de exclusão e sofrimento
Políticas afirmativas são fundamentais para reduzir ciclo de exclusão e sofrimento |  Foto: Ilustrativa/Freepik

Em alusão ao Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, o Centro de Saúde Mental e Reabilitação Dr. Álvaro Rubin de Pinho promoveu uma roda de conversa com usuários do serviço para debater os impactos do racismo na saúde mental. A atividade reuniu dados estatísticos, dinâmicas em grupo e reflexões sobre pertencimento e autocuidado.

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A assistente social Jocélia Tito, ponto focal do grupo de trabalho de saúde da população negra da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), explicou que o racismo atinge diretamente a integridade física e psíquica de quem sofre com ele. “O racismo causa dor, sofrimento e angústia. Ele impacta a saúde mental e está intimamente ligado à questão do suicídio”, afirmou.

Durante a atividade, foram apresentados dados sobre a vulnerabilidade da juventude negra, especialmente homens de 15 a 29 anos, que figuram entre as maiores vítimas da violência e também do suicídio. Após a parte teórica, os participantes vivenciaram uma dinâmica de biodança, conduzida pela fisioterapeuta Lissandra Oliveira, como forma de estimular reflexões coletivas e estratégias de enfrentamento.

O psiquiatra Vinicius Pedreira, especialista em infância e adolescência, reforça que o racismo não apenas fere, mas também intensifica o estigma que já cerca o cuidado em saúde mental. “No geral, muitas pessoas evitam buscar ajuda por acreditarem que isso é coisa de ‘louco’ ou sinal de fraqueza. Para populações negras, que já enfrentam discriminação e desigualdades, esse peso é ainda maior. O racismo reforça o sentimento de inferioridade e incapacidade, e isso aumenta o risco de sofrimento psíquico grave e até de suicídio”, alertou.

Segundo ele, políticas afirmativas e ações que valorizem a população negra são fundamentais para reduzir esse ciclo de exclusão e sofrimento. “É preciso garantir espaços de respeito, pertencimento e acesso ao cuidado. A saúde mental não pode ser tratada de forma isolada da realidade social e do impacto do racismo”, completou.

Para os profissionais envolvidos na ação, o fortalecimento dos vínculos comunitários é uma das formas mais eficazes de proteção. “Ninguém vive só. Quando a gente se sente pertencente a um grupo, seja em uma igreja, associação ou coletivo, temos mais força para buscar apoio”, acrescentou Jocélia. Outra recomendação é procurar os serviços de saúde mais próximos, como as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que funcionam como porta de entrada para atendimentos especializados.

Ao final, os organizadores reforçaram que quebrar o silêncio é um primeiro passo fundamental. Conversar com alguém de confiança, procurar apoio nos serviços de saúde e denunciar casos de racismo são atitudes que podem salvar vidas.

*Sob supervisão do editor Anderson Orrico

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