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Janeiro Branco - 17/01/2025, 07:00 - Yan Inácio

Já ouviu falar sobre o Transtorno de Ansiedade Generalizada? Entenda tudo!

Brasil é o país com maior incidência do transtorno no mundo

Transtorno mental pode causar crises com sintomas físicos, como dor no peito e dificuldades de respiração
Transtorno mental pode causar crises com sintomas físicos, como dor no peito e dificuldades de respiração |  Foto: Ilustrativa/Freepik

Há 10 anos, uma dor de cabeça inexplicável assolou a manicure Elisandra Silva. Os sintomas cresceram e a tornaram incapaz de enfrentar situações comuns, como sair de casa ou até dormir sozinha.

"Eu tinha medo de um infarto, de morrer", detalha ao Portal MASSA!. Logo depois, em consulta com psicólogo e psiquiatra, ela descobriu que a causa estava relacionada ao Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).

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De acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior incidência de pessoas com ansiedade. Cerca de 18 milhões de brasileiros, ou seja, 9,3% da população, enfrentam esse problema de saúde mental.

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Foto: Ilustrativa/Freepik

O TAG é um transtorno psicológico caracterizado por preocupação e ansiedade excessivas e persistentes sobre diversas situações ou atividades do dia a dia. "Essas preocupações costumam ser desproporcionais em relação à realidade e podem causar grande desconforto e prejuízo na vida da pessoa", explica a psicóloga baiana Marcela Soares.

Medo de sair de casa

É o que aconteceu com Elisandra. Natural de Feira de Santana e atualmente morando em Serra Preta, a manicure de 37 anos começou a enfrentar dificuldades quando se mudou para Botucatu, no interior de São Paulo, em 2013, para fazer um curso.

Aspas

Comecei com medo de sair, de esquecer onde eu ia e quem eu era. Tanto que minha tia que me buscava no curso. Eu não dormia mais sozinha em casa, tinha que dividir uma cama com a filha dela. Meu coração acelerava, só faltava sair pela boca

Elisandra Silva, 37 anos, manicure

Além dos fatores ambientais, como os que desencadearam o problema de Elisandra, uma combinação de causas pode colaborar para o desenvolvimento do TAG. "Fatores biológicos incluem hereditariedade, histórico familiar de ansiedade ou outros transtornos mentais, enquanto fatores psicológicos envolvem traumas passados na infância ou ao longo da vida", esclarece a psicóloga.

Depois de identificar que os sintomas revelavam um quadro de ansiedade e procurar ajuda médica, Elisandra passou a tomar remédios para impedir as crises e ajudar a dormir, mas não se adaptou à medicação. "Quando começo a tomar, fico muito aérea", afirma.

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Foto: Ilustrativa/Freepik

Embora não seja o mais indicado, ela interrompeu o acompanhamento psicológico ao voltar para a Bahia. A mudança de ambiente, porém, trouxe alívio. "Hoje moro no interior, perto da natureza, e em São Paulo me preocupava demais com a violência e essas coisas", relata. Mesmo assim, diz ainda sofrer com crises de ansiedade esporadicamente.

Acompanhamento psicológico é crucial

Gael Oliveira, de 25 anos, fez um caminho inverso ao de Elisandra. Nasceu em São Paulo e se mudou para Salvador para cursar Ciências Biológicas na UFBA. Atualmente, é estagiário em um laboratório de genética digital e recebeu o diagnóstico de TAG aos 11 anos.

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Foto: Gael Oliveira/Arquivo pessoal

Por conta de sua sexualidade, sofreu homofobia e enfrentou dificuldades de socialização desde a infância. Os traumas causaram um impacto em seu psicológico e na adolescência começou a sentir no corpo os sintomas da ansiedade. "Era físico, eu sentia um calor na barriga e uma sensação esquisita no peito. Não conseguia dormir, era uma distração muito grande", conta.

A falta de sono e os pensamentos ansiosos passaram, então, a atrapalhar seu desempenho na faculdade. Ele faz terapia desde os 9 anos de idade e afirma que o processo terapêutico foi fundamental para lidar com as crises. Gael conta que o uso de técnicas de meditação também ajuda nos momentos de ansiedade.

Aspas

Nem sempre dá para fazer uma meditação de 30 minutos, então busco pelo menos a técnica de respiração plena, até minha cabeça sair do parafuso. Sempre foco na respiração e não dou vazão aos pensamentos. Isso ajuda bastante

Gael Oliveira, 25, estudante

A técnica utilizada por Gael é recomendada por psicólogos como Marcela. "O tratamento correto para o TAG envolve psicoterapia, medicação quando necessária e prescrita por um médico, mudanças no estilo de vida que incluem práticas de relaxamento, meditação, exercícios físicos e alimentação equilibrada", orienta.

A profissional também compartilha algumas dicas para quem sofre com o transtorno:

- Busque ajuda profissional, a psicoterapia é muito eficaz no tratamento do TAG.

- Realize exercícios de alongamento e relaxamento muscular, que promovem a calma.

- Converse com pessoas de confiança para aliviar o peso emocional.

- Reserve tempo para atividades prazerosas.

- Aceite que ninguém é perfeito, reduza a pressão sobre si mesmo e celebre pequenas conquistas.

- Seja gentil consigo mesmo e reconheça cada progresso, por menor que pareça. Lidar com o TAG leva tempo.

Centro Comunitário Batista Clériston Andrade (CECOM) oferece apoio psicológico gratuito à comunidade

O CECOM fica na Avenida Anita Garibaldi, número 449, na Federação
O CECOM fica na Avenida Anita Garibaldi, número 449, na Federação | Foto: Reprodução

Fundado em 1974 e mantido pela Igreja Batista da Graça (IBG), o CECOM é uma organização sem fins lucrativos localizada na Federação. Além de oferecer consultas gratuitas em diversas áreas da saúde como cardiologia, ginecologia e clinica médica, a instituição também presta atendimentos psicológicos.

A equipe é formada por psicólogos e psiquiatras voluntários. Os interessados podem entrar em contato pelo número (71) 3194-7777. Ao ligar, os pacientes passam por uma triagem e são encaminhados para os profissionais com o perfil mais adequado para cada caso.

Os atendimentos não têm faixa etária estabelecida, por isso, desde crianças até idosos são atendido. A dra. Ana Estevão, coordenadora geral da unidade de saúde, destaca o perfil de quem mais procura ajuda da organização.

"Hoje nós temos uma demanda muito grande com crianças neurodivergentes e pais atípicos também. Nós também recebemos mulheres que sofrem abuso sexual ou violência de diversos tipos, psicológica, doméstica", explica. Vale lembrar que o CECOM está atualmente em recesso. O retorno das atividades está previsto para o dia 3 de fevereiro.

Janeiro Branco

O Janeiro Branco é uma campanha nacional dedicada à conscientização sobre a saúde mental e emocional. Ao longo deste mês, o Portal MASSA! traz uma série de reportagens sobre os transtornos mentais que impactam a população baiana. Por meio de relatos de pacientes, orientações de especialistas e informações sobre projetos sociais gratuitos, os conteúdos buscam ampliar a visibilidade dessa questão essencial nos dias de hoje.

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