
Os primeiros registros da AIDS no Brasil ocorreram em 1982 e foram relatados no estado de São Paulo. Na época, a doença era vista com muito medo, estigmas, além de ser associada a algum tipo de punição ou comportamento leviano. Ainda hoje, em 2025, há muita desinformação sobre o vírus HIV. Nesta segunda-feira (1º), Dia Mundial da Luta Contra a AIDS, a infectologista Áurea Paste destaca os mitos e verdades sobre a doença.
"Ainda existe muito preconceito com quem tem o HIV. Existe um mito que qualquer encontro casual, aperto de mão, abraço, beijo, se transmite HIV e isso não é verdade. Ainda há o estigma que quem tem o HIV tem uma sentença de morte. Ainda existem muitos mitos que são por falta de orientação, de comunicação e de leitura. Falar sobre a doença é muito importante", iniciou a médica.
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Sabe aquela falácia de que o HIV é transmitido pelo beijo, aperto de mão ou compartilhamento de copos? A doutora esclarece que é 'baratino' puro. "Não, o HIV não é transmitidos por essas vias. A doença é transmitida via sexual, principalmente. A forma real de transmissão do HIV é a via sexual, compartilhamento de seringa no uso de drogas injetáveis ou quando se compartilha uma seringa pra qualquer outra coisa, até para uso de anabolizante", disse a médica, que ressaltou que a contaminação acontece se entre esses compartilhamentos tiver alguém com AIDS.
Prevenção
Jogador tem que entrar em campo trajado e no sexo não é diferente. As camisinhas masculinas e femininas seguem sendo métodos eficazes contra a prevenção do vírus da AIDS,porém, não são os únicos. "A camisinha continua sendo uma opção importante de prevenção, mas não é a única. A gente tem hoje em dia a PrEP, Profilaxia Pré-Exposição, que é o uso de medicação para prevenção do HIV. Dependendo da exposição sexual, da profissão, se pertencer a algum grupo de risco maior, a pessoa está recomendada a fazer o uso da PrEP", pontuou.

O médico infectologista Victor Castro lembrou que fazer exames de maneira regular também é uma forma de prevenção. "Nós falamos muito de prevenção combinada, que é o uso de múltiplas estratégias na prevenção do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis. A realização periódica de exames de sangue, que chamamos de sorologias, testes rápidos é uma forma de prevenção, porque quando você faz o diagnóstico muitas vezes de infecções silenciosas que não causam manifestações clínicas você faz o tratamento e acaba quebrando a cadeia de transmissão". explicou.
Ainda existem muitos mitos que são por falta de orientação, de comunicação e de leitura. Falar sobre a doença é muito importante
Áurea Paste - médica infectologista
Tratamento
Por volta de 1990, o tratamento contra a AIDS chegou ao solo brasileiro e trouxe uma nova perspectiva para a sociedade. "Apesar de não existir ainda uma cura, um medicamento capaz de eliminar o vírus do corpo, o tratamento atualmente disponível é altamente eficaz em controlar a multiplicação de vírus, e controlar essa multiplicação reduz os riscos e consequências e doenças associadas ao HIV", esclareceu.
"No passado a pessoa se infectava com o HIV, era praticamente uma sentença de morte, hoje em dia não, a pessoa vai tomar a medicação e vai ter uma condição crônica controlada, muito semelhante a comparações que a gente faz como hipertensão, diabetes. A pessoa tem a doença, não tem uma cura, mas vai fazer uso [da medicação] regular ao longo da vida", concluiu.
Testagem
Em Salvador, é possível fazer testes gratuitos para HIV nas unidades básicas de saúde da rede pública e em Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs). O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece testes rápidos para HIV, sífilis, hepatites B e C, além do acompanhamento e tratamento gratuitos, caso seja necessário.
