
Ao contrário do que muitos pensam, os sinais de alerta para doenças graves nem sempre aparecem de forma gritante. No caso da saúde vascular, por exemplo, é comum que os sintomas surjam discretamente (e sejam ignorados até que as consequências se tornem graves).
Entre os homens, esse cenário é ainda mais preocupante: a Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP) pode afetar até 15% dos homens com mais de 55 anos, principalmente os que fumam, mas boa parte só descobre o problema quando ele já está avançado.
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A DAOP ocorre quando as artérias que levam sangue às pernas e pés ficam estreitas ou obstruídas por placas de gordura, o que prejudica a circulação. De início, pode parecer apenas um incômodo ao caminhar, como uma dor leve nas panturrilhas, mas esse sintoma pode evoluir para feridas que não cicatrizam e até amputação.
De acordo com o Dr. Régis Campos Marques, diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (Regional São Paulo), muitos homens negligenciam os cuidados com a saúde e demoram a buscar ajuda. “A DAOP muitas vezes evolui silenciosamente ou com sintomas que são confundidos com o ‘cansaço das pernas’. Muitos homens adiam a procura por um médico”, explica.
A data de 15 de julho, Dia do Homem, celebrado nesta semana, é um bom lembrete de que a saúde vascular precisa de atenção antes que os sinais fiquem evidentes. Para isso, o primeiro passo é conhecer os fatores de risco, como tabagismo, diabetes, hipertensão, colesterol alto e sedentarismo.
Entre os homens, o tabagismo tem uma forte correlação, além da tendência a negligenciar cuidados preventivos.
Dr. Regis Campos Marques

Prevenir, no entanto, não exige mudanças drásticas, mas sim a adoção de hábitos simples no dia a dia, como caminhar regularmente, parar de fumar, cuidar da alimentação e manter os exames em dia. “Homens que se cuidam vivem mais, com mais qualidade e independência”, afirma o médico.
Sintomas para ficar alerta
Dor ou queimação nas panturrilhas ao caminhar, pés frios ou arroxeados, feridas que não cicatrizam, diminuição de pelos nas pernas: esses são alguns sinais que podem indicar a presença da doença. Mesmo parecendo sutis, esses sintomas não devem ser ignorados.

Outro sintoma que pode parecer sem relação com a circulação é a disfunção erétil. “O pênis também depende de uma boa circulação sanguínea, e as mesmas placas que obstruem artérias das pernas também podem afetar as artérias penianas”, afirma o especialista.
Cigarro e saúde vascular é uma relação perigosa
Quando o assunto é saúde vascular, o cigarro se destaca como um dos maiores inimigos. Segundo o Dr. Régis Campos Marques, o impacto do tabagismo nas artérias é direto e devastador.
A nicotina e outras substâncias tóxicas do tabaco danificam diretamente as paredes das artérias, acelerando o processo de aterosclerose.
Dr. Regis Campos Marques
Quando o assunto é saúde vascular, o cigarro se destaca como um dos maiores inimigos. Segundo o Dr. Régis Campos Marques, o impacto do tabagismo nas artérias é direto e devastador. "A nicotina e outras substâncias tóxicas do tabaco danificam diretamente as paredes das artérias, acelerando o processo de aterosclerose", explica. Fumantes têm um risco muito mais elevado de desenvolver a DAOP. “Eles também têm mais chance de complicações sérias, como amputações”, completa o médico. A boa notícia é que parar de fumar é super eficaz!
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da DAOP pode ser iniciado com uma avaliação simples no consultório. “Um exame bastante acessível é o Índice Tornozelo-Braquial (ITB), que compara a pressão arterial nas pernas e nos braços”, diz o médico.
Outros exames, como o ultrassom Doppler e a angiotomografia, ajudam a confirmar casos mais complexos. No entanto, Dr. Régis alerta que a condição não costuma ser detectada em exames laboratoriais de rotina, por isso procure uma consulta especializada.
A boa notícia é que a cirurgia nem sempre é necessária. O tratamento, em grande parte dos casos, pode incluir mudanças no estilo de vida, medicações e reabilitação com caminhada assistida. “A cirurgia só é indicada em casos mais graves, quando há risco de perda do membro ou dor incapacitante. Hoje contamos com técnicas modernas e minimamente invasivas que melhoram muito o prognóstico”, explica o médico.