
Investigados desde 21 de julho, quando realizaram a primeira sequência de furtos em quatro shoppings de Salvador, integrantes de um grupo especializado na subtração de produtos de grife e alto luxo, em lojas de cinco estados do Nordeste, foram presos no último sábado (9), durante a Operação Nefertum. A ação foi deflagrada pela Polícia Civil da Bahia, por meio da 14ª Delegacia Territorial (DT/Barra), com apoio dos Departamentos de Polícia Metropolitana (Depom) e de Inteligência Policial (DIP), além da Polícia Civil do Rio Grande do Norte.
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21 de julho — O início das investigações
Três mulheres e dois homens, pai e filho, foram presos em flagrante após uma nova sequência de furtos em três shoppings da capital, localizados na Barra, Avenida ACM e Tancredo Neves. Com o grupo, foram apreendidos bolsas, acessórios, cosméticos, eletrodomésticos, perfumes importados e roupas de grife. A estimativa é de que apenas no sábado o prejuízo tenha superado R$ 100 mil. Também foram encontradas sacolas de papel e uma tigela revestida com papel alumínio, utilizada para bloquear os alarmes de segurança.
Modus operandi
Segundo a delegada Mariana Ouais, responsável pelo caso, "é uma organização criminosa com cinco indivíduos. Cada um tem seu papel definido e já pré-ordenado por uma liderança".
Ela explicou que o grupo agia de forma coordenada: "Um primeiro indivíduo adentrava a loja e fazia alguma solicitação aos vendedores, chamando a atenção desses vendedores, como se fosse efetivamente fazer uma compra. Paralelamente a isso, dois outros indivíduos, que são sempre os mesmos, entravam e faziam as subtrações, enquanto os vendedores atendiam a primeira integrante da quadrilha".

A logística dos furtos
Após o furto, o material passava de mão em mão até ser colocado no carro. "Realizadas as subtrações, os dois indivíduos que tinham subtraído saíam da loja, entregavam o material a um quarto elemento, que se comunicava com o quinto elemento, o qual levava os bens furtados para o automóvel e lá os depositava. Como eles saíam da loja? Até o presente momento, conseguimos identificar duas estratagemas".
A primeira delas, segundo a delegada, era o uso de um desacoplador para retirar os lacres de segurança. "Foram apreendidos diversos vestidos caros, todos de lojas de departamento, e observamos que eles estavam sem esse lacre. Além disso, eles utilizavam uma espécie de cuba em uma sacola totalmente revestida em alumínio, estratagema que impede o disparo do alarme".

O disfarce também fazia parte do plano. "Essa estrutura era depositada em outra sacola que era utilizada pela idosa, para parecer que ela estava consumindo, como se fosse uma cliente normal".
Primeiras pistas e obstáculos
A investigação começou após um furto divulgado na imprensa, em julho. "A investigação começou com a primeira veiculação desses furtos. E qual é a dificuldade que temos? Geralmente, as vítimas, por já terem perdido os produtos, não vão até a delegacia registrar a ocorrência. Então, o primeiro registro que tenho foi após a veiculação, na imprensa, de um furto cometido em julho".

Cinco anos de atuação semanal
O depoimento de um cônjuge de um dos integrantes revelou a rotina da quadrilha. "Hoje já conseguimos reduzir a termo as declarações de cônjuge de um dos integrantes da quadrilha, dizendo que eles praticam esse tipo de delito semanalmente há pelo menos cinco anos. Então, é algo que já vem ocorrendo há bastante tempo e, até por conta disso, já houve um refinamento suficiente para que consigam tanto êxito, com produtos não apenas de grande valor, mas também de grande volume".
Prejuízos milionários
De acordo com Mariana Ouais, os prejuízos podem ser ainda maiores do que os calculados no último flagrante. "Ainda não conseguimos quantificar tudo, mas, de valor nominal e note que eles atuaram em apenas três dos quatro shoppings —, a conduta foi frustrada. Não sei, neste mesmo shopping, quanto ainda seria subtraído, e também não sei quanto seria levado no shopping seguinte".
Cronograma de ação
A logística era precisa. "Eles saem do estado natal na sexta-feira, vêm de carro, pernoitam no meio do caminho e, quando chegam aqui, seguem um cronograma: Shopping 1, determinadas lojas; no outro piso, outras determinadas lojas; depois, Shopping 3; Shopping 4; pegam o carro e vão embora no mesmo dia".
Produtos de alto valor
O alvo incluía tanto lojas de grife quanto de departamento, sempre priorizando produtos de alto valor. "Já identificamos bolsas de grife de R$ 1.300, camisas de manga comprida de R$ 1.190 e não apenas uma, além de quatro bolsas com suas embalagens".
Formação flexível, liderança fixa
A composição do grupo variava, mas a liderança permanecia fixa. "No primeiro furto, ocorrido em julho, a formação era de três homens e duas mulheres, os quais tiveram mandado de prisão decretado. Na segunda investida, agora em agosto, eram três mulheres e dois homens. Portanto, nada impede que esses integrantes oscilem, mas a liderança permanece a mesma: a idosa".
Devolução do material apreendido
As investigações apontam atuação em pelo menos cinco estados: "Salvador, Pernambuco, Piauí e Paraíba, informações que a rede de comunicação interna da Polícia Civil nos trouxe. Mas, se isso já vem sendo cometido com êxito há pelo menos cinco anos e semanalmente, não sei se essa atuação se limita apenas ao Nordeste".
Todo o material apreendido será devolvido. "Vamos identificar todos os estabelecimentos que foram vítimas e fazer a devolução. A Polícia Civil vai devolver todo o material apreendido".
O grupo segue preso à disposição da Justiça, enquanto as diligências continuam para capturar o sexto integrante, que está foragido.
Principais pontos
Início das investigações: Grupo começou a ser investigado em 21 de julho, após furtos em quatro shoppings de Salvador.
Operação Nefertum: Deflagrada no dia 9, resultou na prisão de três mulheres e dois homens (pai e filho) em flagrante.
Atuação interestadual: Quadrilha agia em pelo menos cinco estados — Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí e Paraíba — e possivelmente além do Nordeste.
Prejuízo: Mais de R$ 100 mil em um único dia; estimativa de R$ 130 mil a R$ 150 mil por dia de ação criminosa.
Produtos furtados: Bolsas de grife, roupas caras, cosméticos, eletrodomésticos e perfumes importados.
Modus operandi: Ação coordenada com funções definidas; uso de desacoplador para remover lacres e sacola revestida de alumínio para burlar alarmes.
Disfarce: Idosa transportava produtos furtados em sacolas comuns para simular compras.
Rotina criminosa: Delitos eram cometidos semanalmente há pelo menos cinco anos, segundo depoimento de um cônjuge de integrante.
Logística: Viagem de carro do estado de origem até o destino, com pernoite no caminho, e visitas planejadas a shoppings específicos.
Liderança: Composição do grupo variava, mas a liderança permanecia sempre com a idosa.
Próximos passos: Material apreendido será devolvido às lojas; investigações continuam para prender um sexto integrante foragido.