Além de organizar, fiscalizar e controlar a operação diária dos 'buzus' na Estação Lapa, um rodoviário despachante passou por complicações em sua rotina de trabalho ao ser agredido por um dos passageiros. A situação ocorreu na terça-feira (18), quando o homem defendeu uma idosa de ser atacada.
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Em entrevista ao Portal MASSA!, José Roberto, de 54 anos, abriu o coração sobre o episódio desconfortável. Morador do bairro Colinas de Periperi, no Subúrbio de Salvador, ele contou que acorda todo dia às 3h da madrugada para iniciar o 'trampo', há quase 20 anos de empresa, e nunca havia passado por uma situação semelhante antes.
"A gente fica com uma sensação de… sei lá, de impotência, de mãos atadas, porque você vai ter que voltar a trabalhar. Meu filho mesmo não tá querendo mais que eu volte a trabalhar, quer até que eu saia da empresa. Mas eu vou sair pra onde? Eu já com 54 anos de idade… qual empresa vai me aceitar com essa idade?", contou.
Eu protegi ela como protegeria uma jovem, uma criança, um homem, quem fosse. Eu defendi porque nosso papel é esse. Eu não vou deixar uma pessoa vulnerável ser agredida por outra. Jamais
José Roberto, rodoviário
Entenda o caso
Roberto explicou que estava organizando os passageiros para entrar no buzu de linha Lapa-Daniel Lisboa. Entre eles estava uma senhora de, aparentemente, 62 anos, aguardando sentada. Foi então que um homem 'brotou' no local, alterando com a mulher e iniciando uma confusão.
"Por volta de 5h40, chegou um cidadão exaltado, dizendo palavras… que a “coisa ruim” protegia ele, que fechava o corpo dele. E a senhora estava sentada. Ele quis sentar no lugar, ela não deu lugar. Ele começou a tentar sentar no colo dela, empurrando ela e sentando no colo", iniciou.
"Aí ela pegou a bolsa e meteu nele, né? 'Me respeite, rapaz, eu sou uma pessoa de idade'. Aí ela saiu. Não… ele conseguiu tirar ela. Eu vi e disse: 'A senhora venha pra cá, fique aqui do meu lado, que ele não vai agredir a senhora não, até porque a senhora não fez nada', explicou.
Mesmo de longe, as ameaças à idosa persistiram, até que o suspeito se levantou da cadeira e partiu para agressão. "Em um certo momento ele levantou e veio, partiu pra cima dela, do meu lado. Aí eu botei a mão na frente. Eu disse pra ele: 'Você vai bater na senhora porque ela fez o que?' Aí eu empurrei. Quando eu empurrei, ele desferiu o primeiro soco".
Quando ele desferiu o primeiro soco, joguei minhas coisas no chão e caí pra dentro dele também. A gente entrou na luta corporal lá na estação
José Roberto, rodoviário
Registro na delegacia
A confusão mobilizou outros rodoviários e passageiros, que agiram rapidamente para separá-los. Momentos depois, agentes do 18º Batalhão da Polícia Militar chegaram ao local e os encaminharam para a Delegacia de Flagrantes, na região dos Barris. Após ser ouvido pelo delegado, o agressor foi liberado.
"O delegado falou que era crime de menor potencial ofensivo, que, logo, logo ele estaria solto. Como está agora", afirmou.
Em nota, a Polícia Civil informou que "instaurou inquérito para apuração dos fatos".
A Polícia Militar não relatou a liberação do suspeito, apenas informou sobre o acionamento para a ocorrência. "No local, um homem informou ter sido agredido. Autor e vítima foram conduzidos à delegacia".
Após a repercussão do caso, Roberto relatou que o Sindicato dos Rodoviários, apesar de não ter se pronunciado, mantém contato constante para entender toda a situação. Por fim, o rodoviário desabafou sobre a segurança nas estações.
"Eu acho que deveria cobrar mais segurança. Principalmente em estações de ônibus, que a gente fica muito vulnerável. A gente fica muito exposto. Eu acho que deveria cobrar mais segurança dos poderes públicos", finalizou.
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