As buscas pelo jovem Paulo Andrade, de 18 anos, soterrado após um deslizamento de terra, a manhã de quarta-feira (27), continuam nesta quinta-feira (28). O incidente ocorreu por volta das 8h30, na Saramandaia, em Salvador.
Quatro pessoas foram atingidas: três foram resgatadas e a quarta, o jovem Paulo, permanece sob os escombros. Já são quase 24 horas de buscas, e a expectativa é que o resgate seja realizado em breve.
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Paulo Andrade estava dentro de casa com a mãe e o irmão de seis anos quando o deslizamento de terra fez a residência desmoronar. Ele continua desaparecido, não respondendo aos chamados dos bombeiros. As equipes de resgate trabalham incansavelmente para encontrar o jovem e a sua família, que também enfrentam uma situação de grande sofrimento e incerteza.
Em meio ao drama, Ailton Ferreira, de 63 anos, ambulante e morador do bairro Saramandaia, teve sua casa destruída pelo deslizamento. Ele conta, com tristeza, sobre a situação que está enfrentando após a tragédia:
"O meu barraco está todo subterrado, com duas geladeiras, uma grande e uma pequena, algumas coisas que eu já tinha, mesa, ferramentas e tal. Mas era um barraco que eu estava construindo aos poucos, mas foi tudo perdido, entendeu? Agora eu não sei mais o que fazer, porque foi perda total. Eu fiz o credenciamento e vou amanhã ver o que eles vão dizer, porque eu não tenho nem como pagar aluguel, sou desempregado ambulante, já fiquei esses dois dias sem trabalhar e amanhã também já vou ficar", disse o trabalhador.
"A situação ficou um pouco difícil para mim, porque foi uma coisa que eu comprei em 2002 e até hoje venho batalhando para comprar uns materiais, uns blocos, mas com poucos recursos e situações difíceis. Aí ficou mais complicado agora para mim. Estou nas mãos de Deus, né, primeiramente. E que a consciência das pessoas que podem ver o que podem fazer por mim, os órgãos, por mim e por mais pessoas, porque foram de 7 a 10 barracos e casas. O meu, eu falo barraco porque não tinha ainda blocos, não tinha condições de comprar, então eu já estava vivendo aos poucos dentro do barraco, mas quando chovia, eu saía, não dormia muito lá, já prevenindo essa tragédia", completou.
Sobre a noite anterior ao deslizamento, Ailton compartilha sua sensação de que algo ruim poderia acontecer:
"Exatamente, é, e naquela noite, do dia para o outro, eu ia dormir, e pensei: “não vai, não durma aí não”, algo assim, eu creio que foi Deus. E no outro dia, eu subi e recebi a notícia, muito triste. E mais triste estou, porque ainda três vítimas foram salvas, mas ainda tem a quarta da mesma família, ainda", contou.
Ailton também se emociona ao falar sobre seus animais de estimação, que passaram por momentos difíceis nos escombros:
"Meu cachorrinho também eu resgatei, meu bichinho passou o dia todo dentro dos escombros, mas Deus abençoou, eu consegui resgatar. Ele também está sem morada, e eu também. Tem um gatinho também, dois filhotinhos morreram. Alguém disse que viu o meu gato, mas como ele tem cores iguais, eu não sei bem se era o meu. Porque no local onde ele estava com os filhotinhos, é um milagre se ele tiver escapado. Mas eu não vi ainda, um vizinho disse que viu, mas eu não acredito que seja ele não, deve ser um gato igual."
O ambulante, que ainda está tentando reestabelecer sua vida, também compartilha os próximos passos em busca de ajuda:
"Mandaram que eu fosse hoje à tarde. Já fiz o cadastro e posso ir hoje à tarde ou amanhã. Como hoje eu posso dar um jeito, vou deixar para ir amanhã. Hoje eu posso passar na casa do meu filho. Eu queria ir para lá para o colégio, mas... O colégio (Escola Municipal Risoleta Neves) é onde o pessoal está se reunindo. Mas como o rapaz falou que, se eu tiver onde ficar, eu poderia deixar para amanhã."
A situação de Ailton e tantas outras famílias afetadas pela tragédia está sendo acompanhada de perto pelos órgãos competentes, que buscam maneiras de oferecer o apoio necessário para reestabelecer a normalidade nas vidas daqueles que perderam tudo.