
O desaparecimento de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento, de 23 anos, e Matusalém Silva Muniz, de 25, completa um ano nesta terça-feira (4). Os dois sumiram em 4 de novembro de 2024, após chegarem para trabalhar em um ferro-velho no bairro de Pirajá, em Salvador.
A família de Paulo Daniel marcou presença uma pequena manifestação em frente à sede da Secretaria de Segurança Pública da Bahia na manhã de hoje. Eles carregavam cartazes e pediam justiça e elucidação do caso de desaparecimento dos dois jovens.
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Segundo Marineide Pereira, mãe de Paulo Daniel, o dono do estabelecimento, Marcelo Batista da Silva, confirmou que o rapaz chegou para trabalhar normalmente, mas desapareceu logo em seguida. Antes disso, o empresário havia acusado o jovem de roubo, mas nunca registrou queixa.
Já Matusalém teria sumido após sair do trabalho para almoçar na região. Fontes ouvidas pelas famílias das vítimas afirmaram que os dois jovens teriam sido executados pelo dono do estabelecimento, após serem amarrados e torturados com pauladas.

Em entrevista ao Portal MASSA!, Marineide Pereira, mãe de Paulo Daniel, cobrou justiça e lamentou a falta de respostas sobre o caso.
“Um ano sem resposta... sigo na busca por justiça, pelos restos mortais do meu filho e de Matusalém. É uma dor muito grande para uma mãe. Não poder ouvir nem abraçar meu filho... o ciclo da vida é o filho enterrar a mãe, não a mãe enterrar o filho. Nem o direito de me despedir e colocá-lo para descansar em paz eu tive.”
Ainda segundo Marineide, a Polícia Civil deu as investigações como encerradas, mas o julgamento de Marcelo Batista sobre o caso depende do Tribunal de Justiça da Bahia; a próxima audiência estaria prevista para janeiro de 2026.
Prisão e acusações contra o dono do ferro-velho
Marcelo Batista da Silva, dono do ferro-velho, é o principal suspeito de matar e ocultar os corpos dos dois funcionários. Ele foi preso novamente em 4 de outubro deste ano, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, investigado por tentativas de homicídio e por um duplo assassinato com tortura.

Outro homem, identificado como Adson, também teria sido acusado de roubo pelo empresário. Investigações iniciais indicam que, antes de ser morto, ele foi interrogado sobre o suposto furto de metais e assassinado por policiais. A polícia acredita que Marcelo teria encomendado a morte de Adson e da companheira, com a execução feita por agentes ligados a milícias.
Anteriormente, no dia 11 de setembro, o empresário chegou a ser solto após a prisão por tentativa de homicídio contra outras três pessoas em Salvador, segundo informou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
Corpos desaparecidos e falta de respostas
Mesmo após as prisões, as famílias continuam sem respostas sobre o paradeiro dos corpos.
Eu preciso de uma resposta. Preciso saber o que está acontecendo, o que foi feito nas buscas. O Marcelo Batista está preso, mas não foi pelo caso de Paulo Daniel nem de Matusalém. Ele tá lá preso... então, o que está faltando para ele dizer onde jogou os restos mortais do meu filho e de Matusalém?
Mãe de Paulo Daniel Marineide Pereira
Embora o empresário seja investigado pelo duplo homicídio, as prisões contra ele até o momento foram por outros crimes.
“É uma angústia muito grande para uma mãe. A cada dia que passa, a ferida aumenta mais. Encontraram sangue de Paulo Daniel no carro dele, pedaço de unha, pedaço de carne. No ferro-velho também teve vestígios. Então eu pergunto: tá faltando o quê? O que falta para condenar esse homem e fazer ele dizer onde jogou o corpo desses meninos? Será que vai ser mais um caso esquecido, que vai para o fundo da gaveta?", finalizou.
