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Coisa boa! - 29/06/2025, 19:30 - Vitória Sacramento

VII Festival de Samba Junino celebra cultura e resistência no Garcia

Mais de 20 grupos participaram do VII Festival de Samba Junino no Garcia

Evento representa toda cultura do bairro
Evento representa toda cultura do bairro |  Foto: Raphael Muller/AG. A Tarde

E para quem achou que as festividades juninas já tinham encerrado na capital baiana, se enganou, Mais de vinte grupos se apresentaram no VII Festival de Samba Junino, realizado na tarde de ontem, no final de linha do Garcia, em Salvador. O evento, promovido pela Liga do Samba Junino, celebrou uma das expressões culturais mais genuínas da capital baiana, reunindo milhares de pessoas para prestigiar as apresentações.

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Intitulado Festival Salvador, Samba Junino, o projeto premiou os melhores grupos, músicas, rainhas e indumentárias, com uma premiação total de R$ 10 mil. O festival integrou o Prêmio Samba Junino Ano VII, com apoio da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura.

Segundo Nonato Sanskey, um dos idealizadores da Liga, a entidade nasceu em 2013 inspirada na Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, e tem como objetivo fortalecer e preservar a tradição do samba junino. “O nome Liga do Samba Junino surgiu baseado na Liga das Escolas de Samba. A ideia era montar uma representatividade forte em Salvador. Já no primeiro ano conseguimos reunir 14 grupos e lotamos o Pelourinho”, relembra.

Sanskey destacou ainda o impacto da cultura nas comunidades. “Cada grupo traz a sua comunidade, seus arrastões. É um entretenimento onde as crianças têm o primeiro contato com a música e a cultura. E com certeza novas gerações se apaixonam e seguem adiante. Hoje o Samba Junino se celebra.”

Criatividade de sobra

O evento contou com a participação de representantes de diversos bairros como Engenho Velho de Brotas, Tororó, Nordeste de Amaralina, Cajazeiras, Liberdade e Itapuã. Entre os participantes estava o grupo Samba Unidos, de Itapuã, que apresentou o tema “Sambando e forroseando no sítio”, inspirado no universo do Sítio do Picapau Amarelo.

Representando o personagem Tio Barnabé, o sambista Pergentino Bonfim Pereira Maia, de 62 anos, mais conhecido como Seu Perreu, falou sobre a importância da cultura local. “A gente se encontra sempre. Estamos nos eventos em Itapuã, mas a finalidade do São João é esse festival. E aqui a gente também fala da preservação da Lagoa do Abaeté, porque somos nativos de Itapuã. A gente se sente na obrigação de preservar aquela lagoa, porque é uma coisa nossa e sempre foi valiosa para nós.”

Imagem ilustrativa da imagem VII Festival de Samba Junino celebra cultura e resistência no Garcia
Foto: Raphael Muller/AG. A Tarde

Sobre a apresentação do grupo, Seu Perreu explicou: “A nossa música fala da Emília, da Tia Anastácia, e tem também a composição que fala de toda essa vivência no sítio. Foi tudo feito com muito esforço. Com certeza, pode escrever: um troféu nós vamos levar para casa. Porque o nosso trabalho, nossa composição, está de primeira qualidade.”

O compositor Marcos de Oliveira Santos, de 58 anos, falou sobre uma de suas composições intitulada “Festa no Sítio”: “A música traz Emília, Tia Anastácia, Dona Benta, Saci, Cuca... A ideia era trazer essa memória afetiva do São João no sítio. É muito gratificante ver minha música cantada por um bairro inteiro. Já toquei muito aqui no Garcia, onde vivi minha juventude. Voltar aqui hoje é emocionante.”

Representando a ala feminina e a comunidade LGBT, Pokett Nery, rainha da Liga do Samba Junino, afirmou: “Estar aqui é muita felicidade. É muito trabalho, mas é gratificante. A Liga é um espaço aberto a todos. Eu espero muito samba no pé. Vale a pena sair de casa para ver o samba duro sendo mostrado ao mundo.”

Quem também marcou presença foi a estudante Khaylla Santos, de 24 anos, moradora do bairro do Barbalho, que foi pela primeira vez ao festival. “Vim porque cresci ouvindo samba duro com meu pai e queria sentir essa energia de perto. O que vi aqui hoje foi emocionante. Ver a cultura viva, pessoas de todas as idades vibrando, é algo que só o samba junino proporciona.”

Imagem ilustrativa da imagem VII Festival de Samba Junino celebra cultura e resistência no Garcia
Foto: Raphael Muller/AG. A Tarde

A festa, que teve programação até as 23h, seguirá na quarta-feira (2 de julho), com o tradicional Desfile dos Campeões, às 16h, na Avenida Almirante Alves Câmara, no Engenho Velho de Brotas.

Para Sanskey, ainda há desafios a superar. “A cultura precisa de mais valorização. A gente forma músicos, produtores, cantores, técnicos. O samba junino é educativo, cultural e, acima de tudo, social. Precisamos de mais sensibilidade e apoio contínuo.”

O Samba Junino foi reconhecido como Patrimônio Imaterial de Salvador em 2018 e, desde 2020, integra o calendário oficial de eventos da cidade.

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