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Passado sombrio - 01/04/2024, 15:14 - Vinicius Portugal

O que ficou de herança da ditadura militar no Brasil

Regime militar deixou algumas manchas no país que até hoje precisam ser limpas

Epóca foi marcada por inúmeras truculências por parte dos militares
Epóca foi marcada por inúmeras truculências por parte dos militares |  Foto: Arquivo Nacional/Ministério da gestão e inovação social

Neste domingo (31), marcou 60 anos de uma triste data para o Brasil: o ínicio da ditadura militar, no dia 31 de maio de 1964, após um golpe no presidente João Goulart, o famoso Jango. Uma época sombria em que os brasileiros não tinham o mínimo de liberdade, durou por mais de 20 anos, tendo seu fim em 15 de março de 1985.

Uma das maiores dificuldades que o país encontrou após o fim do regime militar foi criar do zero um espaço democrático, onde as pessoas também tivessem o direito de votar e transformar a política.

"Esse cenário de recuperação do Brasil se deu, sobretudo, em uma perspectiva, antes de mais nada, de ordem social e política, ou seja, como se deu um processo de luta da sociedade civil em construir uma alternativa democrática, algo que gerou mobilizações de matizes ideológicos diferentes no âmbito da esquerda e do centro, dentro de uma mobilização muito grande para a democratização do país", explica o cientista político Claudio Andre Souza, em entrevista ao Portal Massa!.

Ainda segundo Claudio, essa união dos partidos de ambos os lados, em prol de um "bem comum", foi "fundamental para nos levar até a constituinte de 1988, diante de uma constituição que conseguisse espelhar o desafio de ter uma sociedade que pudesse se valer da liberdade e da igualdade política".

Claudio destaca que a ditadura deixou diversas marcas e heranças que permanecem até hoje em nosso cotidiano, uma delas é a segurança pública, onde por muitas vezes autoridades se utilizam de um discurso totalmente autoritário para angariar novos apoiadores ou oprimir outros grupos.

"Nós ainda temos raízes autoritárias na segurança pública, na perspectiva da cultura política, de várias lideranças que ainda não entendem o que é uma democracia e a sua transparência e um compartilhamento de poder como elemento fundamental das sociedades contemporâneas", disse.

Outro ponto que se transformou em uma herança no país foi a desigualdade social, algo muito latente na ditadura militar e que permanece até hoje, principalmente pela indiferença nesse período para políticas públicas que auxiliassem as pessoas mais carentes. Algo que vem aos poucos tendo mais visibilidade por parte dos governos, como a criação do "Minha Casa Minha Vida", assim como o Auxílio Brasil.

"A gente não teve ao longo dos governos militares uma preocupação aprofundada e sistêmica com políticas públicas voltadas a combater as desigualdades. Ao contrário, o país foi tendo um maior endividamento, crescimento econômico, mantendo-se distante dos valores e do espírito democrático. Vejo que esse é o principal desafio que está posto até os dias atuais, o que isso quer dizer que a gente tem uma sociedade que está aprendendo a lidar, aprendendo a viver em uma democracia. E infelizmente esse é um processo um pouco mais lento", completou o cientista político.

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