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A favor ou contra? - 19/11/2025, 11:00 - Dara Medeiros - Atualizado em 19/11/2025, 11:13

Fim do 'todes': galera comenta o que acha da linguagem neutra

Polêmica foi reascendida após proibição do presidente Lula

Discussão sobre linguagem neutra voltou à tona depois da proibição de Lula
Discussão sobre linguagem neutra voltou à tona depois da proibição de Lula |  Foto: Imagem ilustrativa gerada por IA

Um dos debates mais polêmicos da atualidade é sobre o uso da linguagem neutra, que foi proposta pela comunidade LGBTQIAPN+ com o objetivo de incluir pessoas que não se identificam nem com o gênero masculino e nem com o feminino.

Nesta semana, a discussão ganhou um novo desdobramento após o presidente Lula sancionar a Política Nacional de Linguagem Simples, que proíbe a aplicação da linguagem neutra em toda a administração pública do Brasil.

O Jornal MASSA!, que agora está ainda mais perto da galera com uma redação na Lapa, saiu pelas ruas do centro de Salvador para ouvir opiniões e saber o que o povo acha do uso da linguagem neutra e da proibição de Lula. Também conversamos com Léo Kret, a artista, ativista e primeira vereadora transexual do Brasil.

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A jovem Isabelle Pitta declarou que não concorda com a lei sancionada pelo presidente. "Eu sou contra a proibição de Lula, porque acredito que as pessoas precisam ser incluídas como elas quiserem e como elas preferirem", explicou.

Isabelle Pitta é contra a proibição do uso da linguagem neutra
Isabelle Pitta é contra a proibição do uso da linguagem neutra | Foto: Vinicius Viana/Portal MASSA!

O estudante universitário Yeis Bezerra é do time que prefere respeitar a escolha do próprio indivíduo sobre o gênero em que será tratado: "Eu uso com quem se sente à vontade e quem não se sente, eu também não uso. É minha opinião sobre isso. Eu não sou contra nem a favor. Se quer usar, eu uso, se não quer, eu também sou de boa também. Eu não tenho esse grilo comigo de implicar com as coisas".

Para o baiano, o fato de ter contato com essa questão na faculdade facilitou a sua compreensão do tema. Como muitas pessoas não falam sobre o assunto fora da própria comunidade LGBTQIAPN+, ele acredita que isso prejudica o debate com outros grupos da sociedade. "Eu faço faculdade e eu estou dentro dessa bolha também das pessoas que usam muito a linguagem neutra", pontuou.

Yeis Bezerra prefere respeitar os pronomes que a própria pessoa prefere ser chamada
Yeis Bezerra prefere respeitar os pronomes que a própria pessoa prefere ser chamada | Foto: Vinicius Viana/Portal MASSA!

Já no caso da estudante Dafne Santiago, ela é a favor da proibição de Lula devido algumas crenças religiosas. “Eu sou cristã, então na minha religião eu acredito que só existem dois gêneros: o feminino e o masculino. Então só existem dois pronomes: ela/dela e ele/dele. Pra mim, a linguagem neutra não existe! Pra mim isso foi uma forma das pessoas criarem algo para favorecer a elas”, disparou a moça.

Crenças religiosas moldam a opinião da jovem Dafne Santiago
Crenças religiosas moldam a opinião da jovem Dafne Santiago | Foto: Vinicius Viana/Portal MASSA!

Quem também falou com o MASSA! foi o entregador por aplicativo Luiz Gustavo. Para ele, a linguagem neutra não seria aceita pela maioria da população mesmo se a Política Nacional de Linguagem Simples não fosse implementada.

Luiz Gustavo acredita que a maioria do povo brasileiro não aceitaria a linguagem neutra
Luiz Gustavo acredita que a maioria do povo brasileiro não aceitaria a linguagem neutra | Foto: Vinicius Viana/Portal MASSA!

“Eu acho meio desnecessária essa questão de linguagem neutra. Dizem que é para aceitação de todos, para todos serem incluídos, mas não tem como... Você vê que isso aí hoje em dia, no mundo atual, a galera está querendo muita coisa, principalmente esse negócio de partido [político], que eu não vou falar aqui. Mas assim, eu acho desnecessário, porque até mesmo estão tentando implantar isso dentro das escolas, né? Mas isso aí não vai tomar rumo nenhum”, disse.

Léo Kret levanta bandeira LGBT+ e critica postura de Lula

Léo Kret se posiciona a favor dos direitos LGBTQIAPN+
Léo Kret se posiciona a favor dos direitos LGBTQIAPN+ | Foto: Divulgação

Uma das pioneiras do movimento LGBTQIAPN+ na Bahia, Léo Kret defende os direitos da comunidade com unhas e dentes há anos, e com o debate sobre a linguagem neutra não foi diferente. Para a ativista política, que foi eleita a primeira vereadora transsexual do país, a preferência das pessoas não-binárias, agênero e trans deve ser respeitada.

“A minha opinião é muito simples: eu acredito que toda forma de respeito é válida. A linguagem neutra não obriga ninguém a falar de um jeito específico, mas ela acolhe quem sempre foi invisibilizado. Eu trabalho diariamente com políticas públicas e cidadania, então vejo de perto o quanto uma palavra pode ferir e o quanto ela também pode incluir. O que eu defendo é liberdade e respeito”, argumentou.

Aspas

Quem quiser usar a linguagem neutra deve ter esse direito garantido, e quem não quiser usar, também. O importante é que o Brasil avance no respeito às identidades e nas diferentes formas de existir

Léo Kret
Imagem ilustrativa da imagem Fim do 'todes': galera comenta o que acha da linguagem neutra
Foto: Reprodução/Instagram @leokret

Léo Kret avaliou a atitude do presidente do Brasil de forma negativa: “Eu considero um retrocesso. A proibição não dialoga com a realidade da população LGBTQIA+, que é enorme e diversa. O papel de um governo é ampliar direitos, não limitar”.

A artista baiana declarou que não considera a linguagem neutra como uma ameaça contra as normas do Português. “Como diretora de Políticas Públicas LGBT, eu vejo que a linguagem neutra não é uma 'ameaça', ela é apenas uma alternativa de acolhimento social. O Estado não deveria dizer como cada pessoa deve falar; deveria, sim, garantir que todas as pessoas sejam tratadas com dignidade”, concluiu.

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