As buscas pelo brasileiro Danilo Cavalcante, foragido da prisão de Chester County, no Estados Unidos, chegaram ao fim nesta quarta-feira (13) no 14º dia de buscas. Armado com um rifle e a bordo de uma van roubada, já descartada por ele e recuperada pelas autoridades, pouco se sabe sobre o criminoso que tomou as manchetes dos jornais no Brasil e na terra do Tio Sam. Até o Portal MASSA! fazer um levantamento sobre ele. Confira:
Danilo Souza Cavalcante, tem 34 anos, 1,80m e cerca de 50kg. Nasceu no Maranhão em março de 1989. Ele chegou aos Estados Unidos em janeiro de 2018 já como foragido, graças a um mandado de prisão expedido em 2017 pelo assassinato do estudante Walter Júnior, a tiros, em Figueirópolis, no estado do Tocantins. E saiu do estado pelo aeroporto internacional, porque o registro do Banco de Mandados só foi atualizado seis meses após o crime, em junho de 2018. De acordo com o jornal Philadelphia Inquirer, ele entrou nos EUA com uma identidade falsa, partindo de Porto Rico.
Em agosto 2021, matou a ex-namorada Deborah Brandão com 38 facadas. Foi preso e condenado à prisão perpétua pelo feminicídio. Em 31 de agosto deste ano, fugiu da prisão de Chester, em West Chester, no estado da Pensilvânia. Ele escalou paredes separadas por um corredor de 1,5 metro de largura. A fuga, considerada como espetacular, na verdade foi plagiada de outro detento que fugiu da penitenciária, da mesma forma, um mês antes.
Infância complicada
No 12º dia de fuga, diminuía a esperança da mãe, Iracema Cavalcante, em revê-lo. “Vejo meu filho como morto”, disse em entrevista ao O Globo. Àquela altura ela insistia que Danilo, mesmo armado com um rifle e duas mortes nas costas, “não representa uma ameaça para ninguém”. Para Iracema “ele está apenas lutando para sobreviver, como fez durante grande parte da vida” e que “seu treinamento foi seu sofrimento”.
Cavalcante nunca foi à escola, disse ela, e começou a trabalhar aos 5 anos. Primeiro engraxou sapatos, depois vendeu verduras no mercado e, aos 7 anos, trabalhava na lavoura da fazenda de outra pessoa, contou a mãe.
“Ele ia dormir com fome, estava acordando enquanto eu me perguntava como alimentá-los. [...] Somos pobres. Somos humildes. Mas somos trabalhadores. O que temos, lutamos para conseguir”, afirmou.
“Monstro”
As autoridades da Pensilvânia disseram que esta educação provavelmente tornou Cavalcante muito mais difícil de ser capturado. Apesar do contorno dramático no relato da mãe, as autoridades americanas acreditam lidar com um monstro.
Ele desferiu 38 facadas na namorada, na frente dos filhos dela, e Iracema relativizou o crime. “Isso aconteceu? Aconteceu. Mas isso aconteceu por causa do controle que ela exerceu sobre ele, da postura que ela assumiu com ele. [...] Não foi feminicídio. Ele tinha que fazer isso, ele não tinha outra escolha.”
Ela também argumenta em relação ao homicídio supostamente cometido em solo brasileiro. Assim como no feminicídio, Iracema acredita que o filho foi encurralado, sugerindo que o homem que ele matou a tiros em 2017 queria matá-lo primeiro.
Diante desse forte liame familiar, no quarto dia da fuga, sem pistas evidentes do paradeiro do fugitivo, as forças de segurança dos Estados Unidos decidiram transmitir, em áudio, um apelo da mãe de Cavalcante. Ela gravou uma mensagem em português pedindo que ele se entregasse. Como é evidente, não surtiu efeito.
Quem pagou o pato, até o momento, foi a irmã de Danilo. Eleni Cavalcante foi presa e será deportada pelo ICE, órgão americano responsável pela imigração e fiscalização aduaneira. Ela está ilegalmente nos Estados Unidos e se recusou a colaborar com as autoridades para localização do irmão, que integra a lista de foragidos da Interpol. Ainda não há previsão do desembarque dela no Brasil, nem do desfecho desse caso.
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